A vantagem de jogar em casa no futebol é um fenômeno amplamente estudado e reconhecido. O cálculo é feito relacionando-se a porcentagem de pontos que os times ganham quando jogam como locais sobre o total de pontos obtidos na competição. Uma cifra de 50% indicaria que esse efeito não existe, pois os mesmos pontos são conseguidos jogando como local e visitante. Porcentagens superiores a este valor apontariam a vantagem de jogar em casa, enquanto que porcentagens inferiores indicariam que, atuando como visitante, são obtidos melhores resultados. Quanto mais o valor se aproxima de 100, um efeito mais forte a favor de jogar em casa é indicado.
Nas Big-5 leagueseuropeias (Premier League, Bundesliga, Ligue 1, Série A e La Liga), a vantagem de jogar em casa atinge um valor médio de 60,89%, oscilando entre um máximo de 62,25% na Série A italiana e 58,35% da Bundesliga alemã.1Os times ganham mais pontos quando jogam em seu próprio estádio. Mas sabemos muito mais. O efeito foi reduzido desde que são outorgados 3 pontos a cada vitória. Na La Liga, por exemplo, os times locais passaram de obter 66.27% dos pontos a 62,09%.2A vantagem de jogar em casa depende muito do nível das equipes e dos pontos fortes de seus rivais.3As equipes grandes mantêm de forma mais estável seu desempenho em casa ou fora. Quanto pior é a classificação dos clubes, mais importante é a vantagem de jogar em casa. Também sabemos sobre quais aspectos concretos do jogo este efeito se manifesta com mais força.
As causas que explicam a vantagem de jogar em casa estão relacionadas4:
- ao apoio da torcida
- à fadiga da viagem
- à familiaridade com as condições locais (características do gramado, impacto do sol e do vento ou os benefícios gerados por estar em um ambiente familiar e amigável)
- à territorialidade
- à parcialidade do árbitro a favor dos times locais
- à mudança nas táticas dos times visitantes e
- a alguns aspectos psicológicos.
Um trabalho recente5demonstrou algo muito importante para os treinadores e analistas do rendimento. O objetivo desse trabalho consistiu em analisar se a vantagem de jogar em casa se mantém constante ou não ao longo de toda a partida. Para isso, foram estudados 90 jogos da Premier League (n=19), Ligue 1 (n=21), La Liga (n=18), Série A (n=19) e Bundesliga (n=19) que finalizaram a primeira parte com um marcador de 0-0.
O desempenho das equipes locais foi medido em 7 variáveis (posse de bola, lançamentos, passes curtos, passes longos, porcentagem de passes bem-sucedidos, contatos com a bola e aspectos defensivos (defesas + faltas + recuperações) em períodos de 5 minutos (0-5, 6-10, 11-15, 16-20, 21-25, 26-30, 31-35, 36-40, 41-45). A posse de bola (p<0,01), a porcentagem de passes bem-sucedidos (p<0,05), os passes curtos (p<0.05) e os contatos com a bola (p<0.01) tiveram seus valores mais altos no período de 0-5 minutos comparados com o resto dos períodos do jogo. Contudo, à medida em que o encontro avançava, os times locais mostraram um rendimento cada vez pior. Esta tendência foi particularmente evidente a partir do período de 16-20 minutos. Este efeito transitório foi atenuado ou aumentado dependendo dos pontos fortes da equipe rival (p<0,01): quanto melhor é o oponente, menos este efeitoé manifestado no princípio do jogo.
Os treinadores deveriam levar muito em conta este efeito refrigerante no desempenho das equipes locais e preparar os jogadores para um panorama inicial nos jogos em que o oponente lutará com garras e dentes. O resultado final no encontro pode ter muito a ver com aguentar o empurrão inicial do time local. Além de questões técnico-táticas, a preparação psicológica pode ser fundamental.
Carlos Lago Peñas
Referências
1Pollard, R., e Gómez, M.a. (2014). Components of home advantage in 157 national soccer leagues worldwide. International Journal of Sport and Exercise Psychology, 12, 218-233.
2 Sánchez, P.A., García-Calvo, T., Leo, F., Pollard, R. e Gómez, M.A. (2009). An analysis of home advantage in the top two spanish professional football leagues. Perceptual and Motor Skills, 58(108), 789-797.
3 Lago-Peñas, C., e Lago-Ballesteros, J. (2010). Game location and team quality effects on performance profiles in professional soccer. Journal of Sports Science and Medicine, 10, 465-471.
4 Gómez, M. A., Lago-Peñas, C., e Pollard, R. (2013). Situational variables. In T. McGarry, P. O’Donoghue, & J. Sampaio (Eds.), Handbook of sports performance analysis (pp. 259–269). Londres: Routledge.
5Lago-Peñas, C., Gómez, M.A., & Richard Pollard (2017) Home advantage in elite soccer matches. A transient effect? International Journal of Performance Analysis in Sport, 17:1-2, 86-95.
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