July 28, 2020
Psicologia
Saúde e Bem-Estar
ASPECTOS DIFERENCIAIS DA FISIOLOGIA FEMININA NOS ESPORTES COLETIVOS PARA O MONITORAMENTO DE CARGA
O auge da mulher no esporte teve início há anos e atualmente vem se consolidando e esperamos que continue esse crescimento em todos os níveis. Cabe à ciência responder à especificidade necessária a ser aplicada com o objetivo de otimizar o seu desempenho. Este processo leva tempo para acontecer, muitos passos já foram iniciados e dados, assim como muitos outros que são necessários para avançar. Não podemos esquecer que, em um exemplo de análise de uma revista, nos 5 primeiros números do Internacional Journal of Sports Physiology and Performance (IJSPP) publicados em 2019, somente 19% dos estudos incluía uma amostra feminina e somente 4% era exclusivamente de mulheres atletas 1.
Existem grandes pesquisadores que há décadas tentam percorrer este caminho, como o Dr. Anthony Hackney em seus dois livros 2, 3 que permitem um aprofundamento no estudo do sistema endócrino que, juntamente com o nervoso, regulam o funcionamento do corpo humano, concretizando no exercício e determinando na mulher. Além de diferenças anatômicas tão evidentes que não ressaltaremos, podemos pensar na parte biomecânica e na hormonal como dois itens importantes no desempenho, no controle de carga e recuperação de sistemas que buscam restaurar a homeostase ou melhor ainda, a alostase.
A nível biomecânico existem vários estudos que expõem claramente a diferença entre homens e mulheres nos padrões de ativação muscular em habilidades motoras básicas 4. Encontramos trabalhos sobre como o sexo e o cansaço influenciam nas estratégias de controle ao amortecer ou comparar gestos tão necessários como a mudança de direção 5. Durante e após o amadurecimento, as mulheres caem em terra e desaceleram, amortecendo menos (menor grau de flexão do quadril, joelho e tornozelo) 6. Portanto, é relevante que, adequados ao nosso contexto, possamos encontrar ferramentas de controle da musculatura mais envolvida nestas habilidades e mais sensível ao cansaço como, por exemplo, os músculos adutores, isquiotibiais etc. A literatura científica conta com inúmeros e diferentes testes 7-11. Não podemos esquecer que a força, essência principal de um treinamento, deve ser o suporte extra ao treinamento de uma mulher.
Os hormônicos delas apresentam respostas ao treinamento levando em consideração que, com o conhecimento, educação, estratégias de recuperação mais dedicadas, existirá uma melhor contribuição para o equilíbrio dinâmico de carga e a recuperação, pode agregar valores. Poderíamos levantar questões como:
- Menor capacidade para dissipar o calor (acentuado na fase lútea aliada a uma maior tendência à desidratação) 12. Portanto, é preciso prestar especial atenção às estratégias de hidratação e dissipação de calor (precooling, crioterapia etc.).
- Resposta inflamatória precoce à nível muscular 13. A nutrição desempenha um papel fundamental na contribuição destes processos, além de estratégias como a pressoterapia ou drenagem linfática, crioterapia etc.
- É importante monitorar o sistema imunológico, já que pode ficar mais exposto após exercícios de moderados a intensos. Questões como nutrição ou vestimentas adequadas nos momentos correspondentes, podem fazer a diferença.
- Maior queda na pressão arterial pós-exercício14. A recuperação ativa com hidroterapia, sessões MD+1, ergometria, liberação miofascial e drenagem linfática mencionadas anteriormente, voltam a ser estratégias eficazes.
- Pior qualidade de sono nas fases de tensão pré-menstrual (TPM) e/ou menstruação. Nos últimos anos, a importância do sono no desempenho tem sido um fator muito destacado pela ciência. É possível que alguns atletas sofram alterações em situações de tensão pré-menstrual e/ou menstruação, assim como outras sintomatologias. Qualquer uma das estratégias mencionadas acima pode ser enfatizada especialmente naquelas atletas que sofrem mais.
Pesquisado tanto em homens quanto em mulheres, é importante mencionar o conceito da síndrome de RED-S (Relative Energy Definiciency in Sports) 15, que em mulheres deve-se prestar especial atenção no intuito de, com medidas objetivas e subjetivas, poder ter melhores controles sobre todo o mapa que esboça o dia a dia de uma atleta. Como comentaria a Dra. Emma Ross (EIS-SmartHER), “track and talk”.
Esther Morencos Martínez
- Mujika, I., & Taipale, R. S. (2019). Sport Science on Women, Women in Sport Science. International journal of sports physiology and performance, 14(8), 1013-1014.
- Hackney, A. C. (Ed.). (2016). Sex hormones, exercise and women: scientific and clinical aspects. Springer.
- Constantini, N., & Hackney, A. C. (3rd). (2020). Endocrinology of physical activity and sport(pp. 437-53). New York: Humana Press.
- Shultz, S. J., & Perrin, D. H. (1999). Using surface electromyography to assess sex differences in neuromuscular response characteristics. Journal of athletic training, 34(2), 165.
- Gehring, D., Melnyk, M., & Gollhofer, A. (2009). Gender and fatigue have influence on knee joint control strategies during landing. Clinical biomechanics, 24(1), 82-87.
- Fidai, M. S., Okoroha, K. R., Meldau, J., Meta, F., Lizzio, V. A., Borowsky, P., … & Makhni, E. C. (2020). Fatigue increases dynamic knee valgus in youth athletes: Results from a field-based drop-jump test. Arthroscopy: The Journal of Arthroscopic & Related Surgery, 36(1), 214-222.
- Sanchez-Medina, L., & González-Badillo, J. J. (2011). Velocity loss as an indicator of neuromuscular fatigue during resistance training. Medicine & Science in Sports & Exercise, 43(9), 1725-1734.
- Freckleton, G., Cook, J., & Pizzari, T. (2014). The predictive validity of a single leg bridge test for hamstring injuries in Australian Rules Football Players. Br J Sports Med, 48(8), 713-717.
- Tiernan, C., Lyons, M., Comyns, T., Nevill, A. M., & Warrington, G. (2019). The relationship between adductor squeeze strength, subjective markers of recovery and training load in elite rugby players. The Journal of Strength & Conditioning Research, 33(11), 2926-2931.
- Matinlauri, A., Alcaraz, P. E., Freitas, T. T., Mendiguchia, J., Abedin-Maghanaki, A., Castillo, A., … & Cohen, D. D. (2019). A comparison of the isometric force fatigue-recovery profile in two posterior chain lower limb tests following simulated soccer competition. PloS one, 14(5).
- Brasch, M. T., Neeld, K. L., Konkol, K. F., & Pettitt, R. W. (2019). Value of Wellness Ratings and Countermovement Jumping Velocity to Monitor Performance. International journal of exercise science, 12(4), 88.
- Giersch, G. E., Charkoudian, N., Stearns, R. L., & Casa, D. J. (2019). Fluid Balance and Hydration Considerations for Women: Review and Future Directions. Sports Medicine, 1-9.
- Clarkson, P. M., & Hubal, M. J. (2001). Are women less susceptible to exercise-induced muscle damage?. Current Opinion in Clinical Nutrition & Metabolic Care, 4(6), 527-531.
- Hausswirth, C., & Le Meur, Y. (2011). Physiological and nutritional aspects of post-exercise recovery. Sports medicine, 41(10), 861-882.
- Mountjoy, M., Sundgot-Borgen, J., Burke, L., Ackerman, K. E., Blauwet, C., Constantini, N., … & Sherman, R. (2018). International Olympic Committee (IOC) consensus statement on relative energy deficiency in sport (RED-S): 2018 update. International journal of sport nutrition and exercise metabolism, 28(4), 316-331.
KNOW MORE
CATEGORY: MARKETING, COMUNICAçãO E GESTãO
“There are majestic, grandiose stadiums; some are simply fascinating, others are magical… Many of these are full of tradition, great reserves that, with time, become true legends… with their stands etched into history, where the eagerness and dreams of glory of all who occupied their seats or competed on their fields will be kept forever.Stadiums have a soul.”
CATEGORY: FUTEBOL RENDIMENTO DESPORTIVO
Através da visão por computador, podemos identificar alguns défices em relação à orientação corporal dos jogadores em diferentes situações de jogo.
CATEGORY: MEDICINA SAúDE E BEM-ESTAR
Um exame de saúde deve ser capaz de detetar situações que, apesar de não apresentarem sintomas evidentes, possam pôr em perigo um desportista sujeito a um grande esforço.
CATEGORY: FUTEBOL DESPORTOS COLECTIVOS
Nas palavras de Johan Cruyff, “os jogadores, na verdade, têm posse da bola, em média, durante 3 minutos. Portanto, o mais importante é: o que fazer durante os outros 87 minutos em que não se tem a bola? É isto que determina a qualidade do jogador.”
CATEGORY: MEDICINA SAúDE E BEM-ESTAR RENDIMENTO DESPORTIVO
As lesões musculares representam mais de 30 % de todas as lesões sofridas em desportos como o futebol.
¿VOCÊ QUER SABER MAIS?
- ASSINAR
- CONTATO
- CANDIDATAR-SE
FIQUE ATUALIZADO COM NOSSAS NOVIDADES
Você tem dúvidas sobre o Barça Universitas?
- Startup
- Centro de investigação
- Corporate