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February 8, 2021

Desportos Colectivos

Como a metodologia empregada com água fria é usada para a recuperação do desempenho de atletas em esportes com o uso de força e resistência?

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Altas cargas de treinamentos nos esportes profissionais induzem a recuperação entre sessões que requeiram de especial atenção. Se o descanso não for adequado, isso pode repercutir no atleta e fazer com que ele não consiga dar melhores respostas de trabalho que é necessário ao realizar adaptações que consiga melhorar seu desempenho. Por isso, uma das principais tarefas que os técnicos e responsáveis pela preparação física dos atletas hoje em dia têm é justamente aprimorar estratégias de recuperação.

Neste contexto, uma das metodologias de recuperação mais comumente usada é a imersão do corpo ou membros em água fria, necessitando de uma imersão parcial ou total nesta água a uma temperatura entre 10 e 15°C durante 5 a 20 minutos.1 Por tradição foram propostas algumas hipóteses de que água fria pode acelerar a recuperação dos atletas após sessões de treinamento, o que potencialmente contribui com a maximização das respostas adaptativas crônicas. A água fria é uma metodologia eficaz para a redução de dores no prazo de 24 horas após treinamentos,2 e evidência uma metodologia comprovadamente eficaz com o objetivo de reduzir a fadiga de forma aguda, pois existem outros mecanismos que são importantes com a aplicação desta metodologia que pode melhorar o processo adaptativo do próprio treinamento. Dois destes mecanismos, são a redução do fluxo sanguíneo e a inflamação. O frio gera respostas vasoconstritoras e posterior diminuição do fluxo sanguíneo o que desacelera o transporte de aminoácidos e, portanto, a síntese proteica muscular,3 o que contribui com a redução da hipertrofia muscular e do desenvolvimento da força. Por outro lado, a redução da resposta inflamatória associada ao emprego do frio pode limitar o mecanismo essencial do processo de reparação muscular após os treinamentos, o que se traduz como menores ganhos de massa muscular a longo prazo. Por exemplo, um artigo público por Roberts e colaboradores em 2015 comparou os efeitos da imersão dos membros inferiores até a cintura em água fria, ou seja, 10 minutos com 10°C e a recuperação ativa com o emprego de bicicleta com baixa intensidade, altera massa muscular, força e atividade das células satélites, (células tronco musculares) em um programa de treinamento com força.4 Depois de 12 semanas de treinamento, os pesquisadores observaram que aqueles que se recuperaram com essa metodologia, observaram a redução das adaptações no treinamento de forma significativa, além de sofrerem menores ganhos de massa e força muscular, assim como redução de proteínas importantes na síntese muscular e da ativação das células satélites em até 2 dias após a sessão de treinamento.

Por isso, podemos pensar que, em função da diminuição das adaptações que estão vinculadas ao treinamento, o emprego da água fria como metodologia para a recuperação pode prejudicar o desempenho nos esportes de força. Mas essas instruções também servem para os esportes de resistência? Para uma resposta mais objetiva, uma recente meta-análise publicada na prestigiosa revista Sports Medicine verificou o impacto do emprego de água fria no desempenho tanto de esportes com força como resistência.5 Os resultados demonstraram que a regularidade da metodologia diminui parâmetros de desempenho da força como a 1-RM (1 repetição máxima), força isométrica, força-resistência (medida em quantidade de repetições) ou potência dos movimentos balísticos como o salto. Por outro lado, em relação aos parâmetros relacionados ao esporte de resistência, a imersão do corpo ou membros em água fria não afeta o desempenho nas provas de velocidade e potência aeróbica máxima. Ou seja, os resultados indicam que a metodologia de uso da água fria sim afetaria o desempenho dos esportes de força. Entretanto, não há resultados para os de resistência. Uma das explicações possíveis que os pesquisadores levantam justifica a falta dos efeitos de uma imersão para o desempenho nos esportes de resistência pode ser que as mudanças periféricas em função muscular induzem a um impacto nas adaptações centrais (função cardiovascular).

Com todas essas informações, as evidências sugerem que a imersão do corpo ou membros não induz a melhores desempenhos nos esportes de resistência e que além disso, também reduz alguns dos principais parâmetros do desempenho em esportes de força. A hipótese de uma imersão pode produzir melhores adaptações a longo prazo para uma recuperação mais efetiva o qual será destratada.

Conclusões

A metodologia de empregabilidade do uso de água fria como forma de recuperação parece ser eficaz na redução de dores e fadiga após treinamentos e em alguns casos a metodologia pode ser melhor empregada. Por exemplo, nos campeonatos que acontecem sem intervalos de descanso prudentes, a metodologia de imersão em água fria pode ser justificada, pois nestes casos, o objetivo é melhorar o desempenho a curto prazo e não em adaptações futuras. Recomendamos, sobretudo, para aqueles esportes que requerem de força e potência como parâmetros importantes para o desempenho, podendo reduzir as adaptações a longo prazo através de mecanismos fisiológicos que podem: diminuir o fluxo sanguíneo e inflamações, ativação de células satélites e vias moleculares envolvidas na regeneração e na hipertrofia muscular. As lesões musculares induzidas pelo stress das atividades físicas em processos de recuperação e melhoria das funções musculares, torna essa metodologia arriscada para adaptações vinculadas ao próprio processo de treinamento, ainda mais nos esportes que necessitam de força.

 

Adrián Castillo García

 

Referências:

  1. Peiffer JJ, Abbiss CR, Watson G, Nosaka K, Laursen PB. Effect of cold-water immersion duration on body temperature and muscle function. J Sports Sci. 2009 Aug 1;27(10):987–93.
  2. Wang Y, Li S, Zhang Y, Chen Y, Yan F, Han L, et al. Heat and cold therapy reduce pain in patients with delayed onset muscle soreness: A systematic review and meta-analysis of 32 randomized controlled trials. Phys Ther Sport. 2021;48:177–87.
  3. Fuchs CJ, Kouw IWK, Churchward-Venne TA, Smeets JSJ, Senden JM, Lichtenbelt WD van M, et al. Postexercise cooling impairs muscle protein synthesis rates in recreational athletes. J Physiol. 2020 Feb 1;598(4):755–72.
  4. Roberts LA, Raastad T, Markworth JF, Figueiredo VC, Egner IM, Shield A, et al. Post-exercise cold water immersion attenuates acute anabolic signalling and long-term adaptations in muscle to strength training. J Physiol. 2015 Sep 15;593(18):4285–301.
  5. Malta ES, Dutra YM, Broatch JR, Bishop DJ, Zagatto AM. The Effects of Regular Cold-Water Immersion Use on Training-Induced Changes in Strength and Endurance Performance: A Systematic Review with Meta-Analysis. Sport Med. 2021;51(1):161–74.

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