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September 14, 2020

Nutrição
Rendimento Desportivo

Consumo energético e carga física de trabalho para os goleiros profissionais

As adaptações ao treinamento dependem da especificidade dos estímulos gerados durante seu andamento. Em relação a isto, há um atleta em especial no futebol, que se diferencia dos demais atletas e ele é o goleiro. As informações sobre as exigências dos goleiros durante os jogos, mostram que percorrem aproximadamente a metade da distância que um atleta de campo. Se uma atleta de campo percorrer de 10 a 12 km, um goleiro cobre uma área de 4 a 6 km (1). Além disso, as ações de alta intensidade, acima de 19,8 km/h, são 90% menores que as dos demais atletas (1,2). Esta carga de trabalho reduzida durante os jogos é reproduzida durante os treinamentos, já que identificamos que a distância percorrida pelos goleiros é novamente a metade: 3 km vs 5 a 7 km (2,3).

Este aspecto tem um forte impacto tanto nas propostas de trabalho para um melhor condicionamento físico específico dos goleiros quanto nas demandas energéticas derivadas do trabalho durante treinamentos e jogos. De acordo com as informações, a dieta e os programas de treinamento deveriam ser diferentes daqueles elaborados para os atletas de campo. Além disso, devemos observar que, segundo uma pesquisa que analisou a composição corporal de mais de 80 atletas de diferentes categorias de uma equipe da Premier League, os goleiros tendem a pesar mais e a ter um percentual de gordura maior se comparado aos demais atleta (4). Portanto, as estratégias nutricionais deveriam visar uma composição corporal ideal levando em conta as particularidades de cada posição, uma vez que o excesso de gordura pode afetar negativamente o desempenho esportivo.

Qual seria o gasto energético de um goleiro? Como as cargas de trabalho são distribuídas ao longo da semana?

A princípio, a diferença na carga de treinamento se reflete em um menor gasto energético. As informações mais concretas de quantas calorias um goleiro perde em um jogo de futebol de elite foram publicadas recentemente na pesquisa liderada por especialistas renomados como o Dr. Graeme L. Close e o Dr. James P Morton da Universidade John Moores de Liverpool (5). Ao longo de uma semana que incluiu dois jogos, os pesquisadores quantificaram a carga de trabalho de um goleiro da Premier League e mediram seu consumo energético total por meio da água duplamente marcada, uma metodologia muito precisa. Os resultados mostraram que, durante essa semana, o goleiro teve um consumo energético médio diário 2.894 kcal, enquanto sua ingestão calórica foi de 3.160 kcal. Se comparados com as informações de uma pesquisa em atletas de campo publicada por estes mesmos pesquisadores (6), o goleiro “consumiu” cerca de 600 kcal a menos que os atletas de campo (3.566 ± 585 kcal). Tudo isto porque, conforme mencionado anteriormente, o goleiro recebeu uma carga de trabalho menor. Se compararmos com a pesquisa onde foram analisados os atletas de campo, o goleiro percorreu uma distância menor, cerca de 26,4 versus 20,9 km) e com menor intensidade (distância em alta velocidade: 3,4 versus 0,4 km). Embora tenha sido analisada uma semana apenas e a n (água corporal) seja muito baixa, estes resultados sugerem novamente que as necessidades energéticas do goleiro parecem ser menores do que as dos atletas de campo.

De outra forma, a distribuição da carga de trabalho foi consideravelmente maior nos dias de jogos. Enquanto o goleiro cobria uma distância média de 1.959 m nos treinamentos, nos jogos chegou a 4.574 m. Estes resultados coincidem com os obtidos em uma pesquisa recentemente publicada (7) onde foram analisados 20 goleiros da segunda divisão espanhola. Nesta pesquisa, percebemos que a carga de trabalho era consideravelmente maior que nos dias de jogo. Por exemplo, em um jogo atingiam uma média de 5.768m, enquanto nos treinamentos essa média diminuía para 2.821m em dias com menos atividades e 3.638m em dias de treinamentos mais intensos. Assim, como podemos observar na figura 1, todas as variáveis da carga externa foram reduzindo progressivamente à medida que o dia do jogo se aproximava. Segundo os autores da pesquisa, apesar desta proposta de periodização ter como objetivo garantir a máxima recuperação e alcançar o melhor condicionamento físico possível em um jogo, as diferenças entre as exigências em treinamentos e jogos “evidenciam a necessidade de praticar atividades de condicionamento físico que reproduzam as demandas de desempenho dos goleiros profissionais, por exemplo, ao realizar atividades que aumentem as distâncias de corrida e ações com cargas metabólicas elevadas”.

Figura 1. Evolução das variáveis da carga externa em relação ao dia do jogo. TD (distância total), HMLD (alta carga metabólica), HMLE (quantidade de esforços de alta carga metabólica), DEC (desacelerações), ACC (acelerações). MD-4 (4 dias antes do jogo), MD-3 (3 dias antes do jogo), MD (dia de jogo). Adaptado por Moreno Pérez, et al. (7)

Resumindo, as evidências sugerem que os goleiros realizam uma menor carga de trabalho ao longo da semana, o que podemos converter em um menor consumo energético. Além disso, a distribuição da carga de trabalho revela que as ações, especialmente as realizadas com cargas metabólicas elevadas, são mais altas durante o jogo se comparado com as sessões de treinamento. Assim, todas estas informações poderiam servir como guia para técnicos e nutricionistas no momento de administrar as cargas de trabalho, assim como na criação de programas nutricionais que busquem otimizar tanto a recuperação quanto o desempenho dos atletas na posição de goleiros durante a temporada.

 

 

BIHUB team

 

Referências:

  1. Di Salvo V, Benito PJ, Calderón FJ, Di Salvo M, Pigozzi F. Activity profile of elite goalkeepers during football match-play. J Sports Med Phys Fitness. 2008 Dec;48(4):443—446.
  2. Malone JJ, Jaspers A, Helsen W, Merks B, Frencken WGP, Brink MS. Seasonal Training Load and Wellness Monitoring in a Professional Soccer Goalkeeper. Int J Sports Physiol Perform. 2018;13(5):672–5.
  3. Anderson L, Orme P, Di Michele R, Close GL, Morgans R, Drust B, et al. Quantification of training load during one-, two- and three-game week schedules in professional soccer players from the English Premier League: implications for carbohydrate periodisation. J Sports Sci. 2016 Jul 2;34(13):1250–9.
  4. Milsom J, Naughton R, O’Boyle A, Iqbal Z, Morgans R, Drust B, et al. Body composition assessment of English Premier League soccer players: a comparative DXA analysis of first team, U21 and U18 squads. J Sports Sci. 2015 Oct 21;33(17):1799–806.
  5. Anderson L, Close GL, Morgans R, Hambly C, Speakman JR, Drust B, et al. Assessment of Energy Expenditure of a Professional Goalkeeper From the English Premier League Using the Doubly Labeled Water Method. Int J Sports Physiol Perform. 2019;14(5):681–4.
  6. Anderson L, Orme P, Naughton RJ, Close GL, Milsom J, Rydings D, et al. Energy Intake and Expenditure of Professional Soccer Players of the English Premier League: Evidence of Carbohydrate Periodization. Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2017;27(3):228–38.
  7. Moreno-Pérez V, Malone S, Sala-Pérez L, Lapuente-Sagarra M, Campos-Vazquez MA, Del Coso J. Activity monitoring in professional soccer goalkeepers during training and match play. Int J Perform Anal Sport. 2020 Jan 2;20(1):19–30.

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