October 19, 2020
Tecnologia & Inovação
Impacto social
METROPOLITANO OU URBANO? DOIS MODELOS DE ARENAS FUTURISTAS PARA O ESPORTE
Um dos maiores especialistas na criação de arenas na Europa Paul Fletcher lançou no ano passado um estudo privado sobre o impacto destas edificações para o entorno urbano. Analisou cidades que foram sedes da UEFA Champions League na última década, planejando várias reflexões interessantes. As duas principais, que existem possíveis relações entre o sucesso de um elenco e o desenvolvimento de infraestruturas, e a influência nas arenas, seu entorno e potencial desenvolvimento das cidades inteligentes. O estudo realizou uma projeção de acordo com os dados coletados e Fletcher sugere que em 2060 as sedes dos cubes deixarão de ser edifícios para tornarem-se ecossistemas residenciais, médicos, lazer, eventos empresariais e culturais. Para que isso aconteça necessitarão incluir hotelaria, universidades ou centros de formação com residência estudantil, centros médicos próprios pioneiros em medicina do esporte, instalações flexíveis para concertos e eventos de grande porte, espaços para a prática de esportes ao ar livre e sedes para conferências, eventos empresariais, exposições e festividades dos e-Sports. Ambicioso sim, mas jamais impossível: muitas cidades esportivas já contam com instalações como estas, mesmo que reservadas somente para suas equipes. Também existe o aproveitamento dessas infraestruturas nos dias livres e sem práticas oficiais, pois é uma tendência que surge para ficar. E as obras e projetos que estão em construção coincidem com o conceito de arenas como grandes espaços de lazer, entretenimento, reuniões e que não são só para dias de jogos.
Todos os primeiros elencos do mundo estão comentando sobre a modernização das arenas, seguindo um estilo identificado por Fletcher que relaciona o sucesso esportivo às instalações modernas. Mas nem todos têm as mesmas condições. Tudo dependerá da localização das suas arenas, se elas forem do tipo urbano ou do tipo metropolitano. O urbano é um estádio construído anos atrás dentro da região metropolitana, que com o crescimento das cidades isso acabou sendo absorvido pelos bairros mais populosos e habitados. O metropolitano é uma arena fora do eixo urbano, localizado nas áreas onde as cidades ainda estão em crescimento, mas elas ainda estão próximas aos grandes acessos. Ambas elas têm capacidades para influenciar o entorno, mas de maneiras bastante diferente. As características das obras de modernização que já estão em processo, e os projetos apresentados que logo iniciarão nos revelam como abordar essas alterações no futuro em ambos os casos.
Estas três sedes definem perfeitamente as limitações de uma arena urbana em Madri, Roterdã e Barcelona. Projetados e construídos entre edifícios residenciais, escritórios e indústrias, próximos às estações de trem/metrô que oferece acesso e a construção de novas infraestruturas no entorno é mais difícil ou inviável. E ao mesmo tempo, necessitam de sedes com edificações chamativas, o que faz que a arquitetura se destaque em um ambiente saturado. Por isso, os três exemplos coincidem na solução de rodear edifícios o que transformaria completamente o aspecto da região, fazendo que ela se torne mais moderna e atrativa. Seguem a mesma linha utilizada por sedes reconhecidas como o Beijing National na China, o conhecido Ninho dos Pássaros, o Allianz Arena de Munique, cuja foto externa tornou-se um ponto turístico e ótico do Skyline da cidade. Também a fachada das futuras sedes do Real Madrid, o Feyenoord e o F.C. Barcelona seguem essa mesma linha arquitetônica.
Outra característica comum para essas três arenas são as galerias que circundam totalmente o perímetro, com a clara função de enobrecer o exterior. Dividem espaços totalmente abertos com outros fechados, dentro dos quais existem lojas, restaurantes e lugares de lazer. Assim passam a ser parte exterior das suas arquibancadas e acessos em uma sincronia com centros comerciais, espaços de lazer públicos. Especialmente atrativos com grandes jardins em função da sua semelhança com um pássaro que oferecerão novas linhas à cidade. Além de tudo, uma sede esportiva todos os cidadãos podem em um ambiente público usarem como formas de lazer e até mesmo para pesca esportiva no caso de Roterdã, pela proximidade com o rio.
As soluções destes três clubes colocam em evidência a principal característica do modelo urbano no presente que justamente é a de funcionar como uma ilha. Com todo esse potencial e atrações no próprio edifício, superando o simbolismo esportivo e conseguindo que grande parte dos cidadãos e visitantes prefiram visitar estes espaços em vez de outros. Independentemente se é bom para o futebol, serão espaços de referência para muitos eventos esportivos.
O modelo metropolitano é uma realidade bem conhecida, com muitos clubes que procuram transferir suas sedes dos centros urbanos para eixos mais distantes, como é o caso da Associazione Sportiva Roma, Everton FC e o Atlético de Madri. A grande vantagem dessa tipologia é a capacidade de criar infraestruturas próprias ou em parcerias que fomentam a afluência e os usos das próprias arenas nos dias sem jogos e que passam a ser um elemento dinamizador das cidades. Estão localizadas nas imediações de grandes vias de acesso, com conexões com transportes públicos diretos e conexões com aeroportos, rodoviárias e estações de trem. O que aumenta o potencial como sedes de eventos e centros comerciais.
Só o Wanda de Madri está construindo, mesmo que faltem opções de ecossistemas urbanos no seu entorno. Neste outono a prefeitura de Madri anunciou um projeto de construção nas imediações da cidade esportiva. Aproveitarão as construções parciais que já existem em função das Olimpíadas de alguns anos atrás. A participação das autoridades da cidade, instituições públicas e privadas destacam a parceria para fomentarem espaços melhores aproveitados dentro da área metropolitana. La Roma é um excelente exemplo desta participação, pois sua visão de projeto, o excelente resultado para uma arena metropolitana. Suas imediações, como um anel no novo projeto, contarão com distrito financeiro e um conjunto de edifícios destinados ao lazer. A mesma coisa está acontecendo com o Liverpool, onde o Everton F.C revitalizará uma antiga área portuária do século XIX, ao restaurar edificações históricas e responder com elementos do passado restaurados. Neste caso o espaço de lazer também será educativo e patrimonial, com o claro compromisso da prefeitura em construir novos acessos e uma estação de trem novinha.
Se a arena urbana é uma ilha, a metropolitana é como uma semente que crescerá e se expandir sua influência no entorno e potencializando o desenvolvimento e crescimento da cidade. Mas não podemos esquecer que estas divisões são unicamente para orientação e podem sofrer alterações gerais nos seus modelos apresentados. Cada elenco e cada arena contará com características únicas e precisas dependendo dos diretores e com soluções originais.
Martín Sacristan
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