O Camp Nou, por exemplo, em relação às suas dimensões, é um dos estádios onde melhor se assiste a uma partida de futebol. Assim foi considerado pelo escritório de arquitetura Fenwick Iribarren, que nos referimos em um artigo anterior, sobre os autores do primeiro estádio desmontável. Estes arquitetos, com grande experiência no mundo dos esportes, determinaram que o estádio do FC Barcelona tivesse uma pontuação de 393 dos 500 pontos que o aproximariam do Allianz Arena, um dos estádios mais modernos do mundo. A sua construção, considerada um modelo exemplar, supera amplamente o seu grande rival na Espanha, o Santiago Bernabéu, perdendo apenas no quesito visibilidade, pela distância da terceira arquibancada norte e sul no sentido do campo, ficando muito longe para uma apreciação detalhada do campo de jogo.

Porém, o que realmente interessa naquele estudo, é a projeção que ele oferece aos profissionais e aspirantes da área de Gestão de Instalações Esportivas, justamente por analisar o valor C, fundamental no momento de valorizar a qualidade de um estádio e ainda avaliar suas reformas ou construção. A UEFA (União das Associações Europeias de Futebol) o define como a variável que determina a qualidade da linha de visão do espectador em relação ao que está a sua frente. Há também uma fórmula matemática detalhada para o seu cálculo, conforme apresentada a seguir,

C = ((D(N+R) / D+T )) – R

C = C-Value

D = distância horizontal do olho ao ponto de fuga (habitualmente a linha lateral ou a linha de tiro de meta)

R = altura vertical do olho até o ponto de fuga

N = altura de cada linha de assentos

T = profundidade da linha de assentos

No futebol, o valor mais habitual resultante deste cálculo é de 120 mm, podendo ser reduzido até os 90 mm. Essas medidas são suficientes para que a cabeça do espectador da frente não atrapalhe a visão de quem está atrás. Embora existam casos extremos, como a famosa pista de corrida de cavalos na cidade de Ascot, Reino Unido, onde a elevação é de 200 mm. O motivo, raramente técnico, está nos extravagantes chapéus de abas largas entre outros tipos de chapéus bem típicos nestes eventos. Mas, sem menosprezar a importância de uma hípica e sua gestão, o profissional de um esporte ou campeonato onde há uma bola em jogo, terá que ter muito claro em sua mente o valor C e o diâmetro da bola.

A razão é que existe uma distância a partir da qual o olho humano será incapaz de distinguir uma bola. No tênis, por exemplo, onde a bola é de apenas 6,8 cm de diâmetro, a distância máxima entre o espectador e as extremidades do campo será de 30 metros. No caso do futebol americano e do rugby, cujas bolas em forma de melão tem 28 cm de comprimento e 60 cm de diâmetro, os torcedores podem estar afastados em até no máximo 150 metros. Os 70 cm de circunferência de uma bola de futebol proporcionam uma maior distância, o que equivale a 190 metros. Essa seria a arquibancada onde poderíamos colocar o último dos torcedores, sabendo que a distância ideal, nas primeiras fileiras, é de 90 metros.

Existe algo que o especialista esportivo também deve observar no momento de analisar um estádio. Independentemente do tipo de esporte que será disputado nele, sua fachada deve ser arredondada. O motivo também é a sua visibilidade.

Mesmo que o campo seja sempre retangular, arredondar as arquibancadas em suas extremidades, não só permite caber mais espectadores sentados, como também proporciona uma excelente combinação entre a distância e o valor C, possibilitando uma visão perfeita para todos.

Foi-se o tempo em que os estádios ficavam superlotados e ainda com grande parte do público expectador em pé. Uma vez que a transmissão televisiva, as plataformas de pagamento e a realidade aumentada fizeram com que as experiências de jogo se tornassem quase insuperáveis no sofá de casa, é lançado um novo desafio, o de levar o público expectador apaixonado por futebol a viver tudo isso ao vivo. Exatamente por isso o valor C adquiriu uma importância extraordinária, assim como as dimensões das arquibancadas e o conforto dos assentos. Atualmente a UEFA exige que o encosto dos bancos tenha no mínimo de 30 centímetros a partir da base para um melhor posicionamento das costas, assim como o material, de que é feito, seja de plástico ergonômico e flexível, devendo também ser individual e numerado. Além de todas essas disposições, os clubes têm tido a delicadeza de cuidar do conforto e comodidade dos seus torcedores, oferecendo assentos com lugares para acomodar bebidas, celulares ou tablets.

Os especialistas preveem que, brevemente, os assentos das arquibancadas começarão a ficar parecidos com os da sala de imprensa. Os expectadores estarão conectados de uma forma tão perfeita, que poderão compartilhar a experiência vivida através de suas redes sociais e aplicativos de mensagens. Tudo isso será possível com o advento da tecnologia 5 G, que estará presente nos estádios modernos.

E se você deseja ser um desses profissionais que definirão o futuro, inscreva-se no Certificado de Gestão para Instalações Esportivas.

Martín Sacristán