May 17, 2019
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UM ESTUDO PIONEIRO SOBRE A ATIVAÇÃO DOS MÚSCULOS DO OMBRO EM JOGADORES DE HANDEBOL
O handebol é um dos esportes englobados no termo overhead.Este conceito compreendeaqueles esportes com base em um movimento que implica levar o braço acima da cabeça. Embora seja comumente associado à ação do lançamento, refere-se também a esportes como a natação ou o tênis, em que se sofrem lesões muito similares.
Conhecer a ordem de ativação muscular nestes movimentos do ombro pode ter importantes aplicações tanto para a identificação de risco de lesão quanto para a aplicação de exercícios de reabilitação. Principalmente quando é levado em conta que a probabilidade de lesão aumenta com a presença de discinesia da escápula, com o aumento da carga de treinamento e a consequente fadiga. A discinesia da escápula e a fadiga foram relacionadas à alteração de padrões da ordem de ativação muscular. A possível alteração dos padrões de ativação e movimentos poderia aumentar o risco de lesão.
Contudo, atualmente não se conhece com exatidão este padrão, nem se sabe se o exercício continuado, como o realizado pelos atletas de elite, pode provocar diferenças na ordem de ativação. Um recente trabalho do qual participaram vários membros do Departamento Médico do F.C. Barcelona abordou este tema. Foi publicado na revista Physical Therapy in Sport.
Um estudo pioneiro
O estudo contou com 34 participantes: 14 deles eram jogadores profissionais de handebol e o resto eram voluntários saudáveis que não realizavam uma atividade física em especial. Com todos foi feita uma exploração padrão do ombro com base em três movimentos básicos de flexão, elevação e abdução, e foi estudada a ordem de ativação dos diferentes músculos implicados mediante uma combinação de técnicas de eletromiografia.
Com a análise dos resultados, foi comprovado que os músculos periescapulares foram ativados de maneira consistente antes de os do manguito rotador, os últimos a serem ativados. “E não encontramos diferenças nesta ordem de ativação entre atletas overhead profissionais e não atletas”, explica Silvia Ortega, fisioterapeuta do clube e primeira signatária do trabalho, “pelo menos nestes três movimentos padronizados. Estes movimentos não apresentaram tempos de ativação diferentes entre overhead e não overhead, o que pode indicar inexistência de diferença, ou que os movimentos utilizados nas explorações físicas não são os apropriados para avaliar as diferenças e, assim, deveríamos avaliar outros movimentos mais funcionais e específicos”, completa.
Também foi analisado se acontecia comportamento neuromuscular na ativação dos distintos grupos musculares ao se realizar um movimento a diferente velocidade e carga (um peso de 3 kg). “A lógica seria pensar que a ativação é mais rápida quando o esforço de movimento é maior”, comenta Ortega. “Isto foi o que observamos quando a ação é acompanhada de um peso. Contudo, e surpreendentemente, isso não acontecia quando o movimento era mais rápido, mas quando era realizado a velocidade média ou baixa. Não sabemos explicar a razão”, reconhece, “mas é útil conhecê-lo na hora de realizar as explorações e planejar programas de reabilitação”.
Conclusões
A principal conclusão do estudo é que, durante os movimentos utilizados na exploração física do ombro, “não encontramos diferenças na ordem de ativação muscular entre jogadores profissionais de handebol e pessoas que não praticam um esporte com ação overhead, por isso as adaptações anatômicas características dos overhead não representam uma mudança na ordem de ativação muscular”, explica Ortega. Este trabalho estabeleceu a sequência de ativação, algo que ainda não se conhecia com exatidão, já que “os estudos tinham por base principalmente a quantidade, mas não tanto o tempo de ativação, e esta é a primeira vez que é feito com jogadores de handebol”, destaca. “Também vimos que a ativação é mais rápida em condições de carga e velocidade médias”, o que pode ser útil na hora de elaborar os programas de reabilitação.
Os jogadores de handebol com discinesia da escápula, nos quais se pressupõe uma alteração do padrão motor, parecem correr um maior risco de sofrer uma síndrome de colisão do ombro (SIS), especialmente quando a carga de treinamento é aumentada. Identificar mudanças na ordem de ativação muscular em jogadores com SIS poderia ser útil para comparar atletas saudáveis e patológicos e poder avaliar possíveis marcadores de risco e o comportamento de ativação em presença de dor. Por isso, “agora estamos estudando grupos com patologia, para comprovar se há diferenças. Em breve os resultados serão publicados”, confirma Ortega.
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