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January 31, 2020

Medicina
Saúde e Bem-Estar

A COMUNICAÇÃO INTERNA ENTRE O CORPO MÉDICO E OS TREINADORES É FUNDAMENTAL PARA A DISPONIBILIDADE DOS ATLETAS NO GRUPO DE ELITE

Durante as últimas décadas, a quantidade de lesões musculares e o atendimento dos atletas para sessões de treinamento e competições se mantiveram estáveis dentro do futebol masculino profissional.1,2 As estratégias para prevenção que reduzem os riscos de lesões não obtiveram uma queda significativa na taxa de lesões.3

Os médicos responsáveis pelos clubes que participaram do UEFA Elite Club Injury Study sugeriram que os fatores de risco mais importantes que podem induzir a uma lesão são os seguintes:

  • Carga de treinamento e jogos em que os atletas são submetidos;
  • Bem-estar dos atletas;
  • Qualidade da comunicação interna dentro das equipes;
  • O estilo e a técnica usada pelo treinador principal.

Pesquisas recentes4 demonstraram a importância da comunicação interna nas equipes de futebol de alto nível, e como está correlacionada com as lesões e a disponibilidade dos atletas para treinar e competir. Um estudo publicado pela revista British Journal of Sports Medicine, em 2019, que teve como base a análise de 36 times de elite, de 17 países europeus, durante os anos de 2012 e 2016. Um membro do corpo médico de cada clube respondeu a um questionário com o objetivo de descrever a valorização da qualidade na comunicação interna dentro do próprio clube. A qualidade da comunicação foi classificada em uma escala Likert, de 5 pontos indo de “péssima” (pontuação = 1) a “excelente” (pontuação = 5). A qualidade da comunicação foi avaliada nos relacionamentos internos entre o corpo médico (médicos e fisioterapeutas) e o treinador principal, entre os médicos e os preparadores físicos, entre o corpo médico e os diretores esportivos (chief executive officer – CEO) e entre o corpo médico e os presidentes/conselho diretivo. Os resultados apresentados foram muito interessantes. No geral, uma boa comunicação interna dentro dos clubes (com pontuação = 5) está relacionada com um menor número de lesões (rs=0,31, p=0,007); baixa incidência de lesões graves (rs=0,32, p=0,005) e uma maior disposição dos atletas para treinar (rs=0,31, p=0,006) e jogar (rs=0,27, p=0,048)). Uma menor comunicação aconteceu dentro do corpo médico (entre médicos e fisioterapeutas) com uma média de 4,5 pontos (média geral de 2 a 5). A comunicação entre os membros das equipes oscilou entre 3,4 e 3,9 (média geral de 1 a 5 pontos para todos).

A comunicação entre os treinadores principais e o corpo médico foi o que mais influenciou na taxa de lesões e na disposição dos atletas para treinarem e jogarem. As equipes com menores índices de qualidade na comunicação interna (pontuação de 1-2) tiveram 5%-8% menos participação nos treinamentos (76% vs 83%, p=0,001), e uma menor disposição para disputar campeonatos (82% vs 88%, p=0,004), se comparado com equipes moderadas ou com melhores níveis na qualidade na comunicação interna (pontuação 3-5).

Algumas informações extras. O número total de dias que os atletas estiveram ausentes nas equipes com baixo, médio e ótimo nível de comunicação interna entre o corpo médico e os preparadores físicos foram de 184, 127 e 106 respectivamente; para o relacionamento entre o corpo médico e presidentes/conselho diretivo, foi de 148, 127 e 107 respectivamente, e, para o relacionamento entre o corpo médico e os diretores esportivos (CEO) de 147, 140 e 107, respectivamente.

Na prática, é sugerido que deve se prestar muita no momento de formar uma ótima equipe de trabalho. Criar um ótimo clima de trabalho dentro do clube parece ser imprescindível. É importante respeitar as opiniões alheias. Os treinadores devem questionar e mostrar interesse pelo trabalho dos demais membros da equipe técnica. Parece aceitável desenvolver protocolos de comunicação interna (canais, calendário de reuniões, dias da semana, relatórios a serem apresentados etc.) para fortalecer a interação positiva entre os membros do corpo técnico.

 

 

Carlos Lago Peñas

 

Referências:

1 Ekstrand J, Hägglund M, Kristenson K, et al. Fewer ligament injuries but no preventive effect on muscle injuries and severe injuries: an 11-year follow-up of the UEFA Champions League injury study. Br J Sports Med 2013; 47:732–7.

2 Ekstrand J, Waldén M, Hägglund M. Hamstring injuries have increased by 4% annually in men’s professional football, since 2001: a 13-year longitudinal analysis of the UEFA Elite Club injury study. Br J Sports Med 2016; 50:731–7.

3 Ekstrand J. Preventing injuries in professional football: thinking bigger and working together. Br J Sports Med 2016; 50:709-10

4 Ekstrand J, Lundqvist D, Davison M, et al. Communication quality between the medical team and the head coach/manager is associated with injury burden and player availability in elite football clubs Br J Sports Med 2019; 53: 304-308.

 

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