BIHUB PATH

April 8, 2019

Rendimento
Rendimento Desportivo
Desportos Colectivos
Rendimento Desportivo
Desportos Colectivos

A INFLUÊNCIA DA PERCEÇÃO SUBJETIVA DO ESFORÇO SOBRE O TREINO E A COMPETIÇÃO NO FUTEBOL.

O controlo da carga de treino é uma das ferramentas fundamentais para otimizar o rendimento, tanto dos atletas de alto nível em geral como dos futebolistas em particular. Esse controlo incide não só sobre as exigências mais puramente condicionais ou biológicas, mas também sobre as psicológicas, e é o que permite individualizar e adaptar os processos de treino e recuperação.

Um dos recursos utilizados para o acompanhamento é a chamada “Perceção Subjetiva do Esforço (PSE)”, uma simples escala baseada na sensação pessoal de fadiga e intensidade do esforço que o atleta sente. Muitos estudos demonstram a sua validade, debruçando-se sobre a sua relação com outras variáveis de carga interna, como a concentração de lactato no sangue ou a frequência cardíaca (Moalla et al, 2016; Sanchez-Sanchez et al., 2017). Até há pouco tempo, no entanto, observou-se algum interesse científico em estudar a sua aplicação prática e a sua relação com outros parâmetros de carga, como o tempo de treino, especialmente de alta intensidade (Malone, 2018; Murray, 2017).

Dois estudos em que participou o preparador físico da principal equipa do F.C. Barcelona, Antonio Gómez, propuseram-se a colmatar essas lacunas. O enfoque de um deles permitiu comprovar as diferenças entre as equipas de elite e subelite (primeira e segunda divisão) em termos de carga e apurar se o rendimento condicional (a distância percorrida pelos jogadores num desafio, especialmente a alta velocidade) estava associado a melhores resultados na competição. As conclusões foram publicadas na Revista de Psicología del Deporte e na revista Anales de Psicología.

 

Um trabalho pioneiro

No trabalho principal estudaram-se os planteis de uma equipa da Premier League e de outra da Championship Division (equivalentes à primeira e segunda divisão na Inglaterra) durante aproximadamente vinte semanas. Nesse período, avaliaram-se os treinos, com recurso a variáveis, como o tempo total das sessões, a percentagem do tempo de treino de alta intensidade, a frequência cardíaca e a própria PSE. Além disso, utilizou-se um sistema multicâmara para recolher os dados da distância percorrida por cada jogador durante os jogos de competição, bem como a distância percorrida a alta velocidade (>19,8 Km/h). “Era a primeira vez que se fazia um estudo desse género, relacionando essas variáveis no futebol”, explica Antonio Gómez.

A análise da relação entre os dados permitiu comprovar que a PSE se correlacionava significativamente com todas as variáveis dos treinos: o tempo total, o tempo de treino de alta intensidade e a frequência cardíaca média. “Com estes dados, demonstrou-se que é uma ferramenta simples, fiável e gratuita para quantificar a carga de treino”, assegura Gómez.

Além disso, observou-se que a PSE era superior na equipa de subelite, em relação à de elite, tal como as distâncias percorridas em cada jogo, tanto no total de metros alcançados como em termos de deslocações a alta velocidade. No que respeita às distâncias percorridas, os estudos anteriores tinham encontrado resultados contraditórios, em ambos os aspetos. “Há muitos fatores que podem afetar a distribuição do esforço”, reconhece Gómez, “a vantagem do nosso estudo é o fato de os dois planteis cumprirem a mesma metodologia de treino e partilharem a mesma equipa técnica de treinadores e preparadores físicos. Isto leva-nos a pensar que o melhor nível técnico-tático dos futebolistas de nível superior permite-lhes dosear em certa medida o esforço”.

Surgiu uma surpresa, na investigação, quando se analisou pela primeira vez a relação entre estas distâncias percorridas durante os jogos e o resultado final de cada encontro. Em geral, as distâncias são superiores nos jogos que terminam com uma vitória, se bem que o segundo trabalho não tenha conseguido confirmar essa associação. E o mesmo se aplica à PSE. “Na verdade, devido ao carácter estocástico e multidimensional dos acontecimentos do desporto que é o futebol, ainda não se descobriu qualquer variável de treino que se possa considerar claramente associada ao resultado em competição”, admite Gómez. O que os dados demonstram efetivamente é que a carga superior a que são sujeitos os jogadores de subelite não tem um impacto negativo sobre o rendimento. “Isso significa que pode haver margem para melhorar o treino; não necessariamente para se treinar mais, mas para se treinar melhor, ajustando, por exemplo, a variabilidade e a interligação das situações de treino.”

Conclusões e futuro das investigações

A principal conclusão a que estes estudos chegaram é que a Perceção Subjetiva do Esforço é uma ferramenta não só simples, mas também muito fiável para quantificar a carga de treino. “Atualmente, utilizamo-la em todo o clube como uma variável que nos informa da carga interna — o efeito sobre o organismo  — de todo o processo de treino. Além disso, complementamo-la com dados que recolhemos por GPS e que nos dão medidas objetivas acerca da carga externa — a quantidade de trabalho.”

 

Mas os estudos não ficam por aqui. “Um dos âmbitos atuais da investigação no futebol no clube, é estabelecer com precisão a relação entre esta perceção do esforço e cada uma das variáveis medidas por GPS, seja a distância percorrida, a distância em sprint, a potência metabólica ou o número de acelerações máximas, entre outras. É aí que estamos agora, e continuamos a avançar…”, conclui Gómez.

Referências:

Malone, S., Mendes, B., Hughes, B., Roe, M., Devenney, S., Collins, K., e Owen, A. (2018). “Decrements in neuromuscular performance and increases in creatine kinase impact training outputs in elite soccer players.” The Journal of Strength & Conditioning Research, 32(5), 1342-1351.

Moalla, W., Fessi, M. S., Farhat, F., Nouira, S., Wong, D. P., e Dupont, G. (2016). “Relationship between daily training load and psychometric status of professional soccer players.” Research in Sports Medicine, 24(4), 387-394.

Murray, N. B., Gabbett, T. J., e Townshend, A. D. (2017). “The use of relative speed zones in Australian football: are we really measuring what we think we are?” International journal of sports physiology and performance, 13(4), 442-451.

Sanchez-Sanchez, J., Hernández, D., Casamichana, D., Martínez-Salazar, C., Ramirez-Campillo, R., e Sampaio, J. (2017). “Heart rate, technical performance, and session-RPE in elite youth soccer small-sided games played with wildcard players.” The Journal of Strength & Conditioning Research31(10), 2678-2685.

 

 

A equipa do Barça Innovation Hub

KNOW MORE

¿VOCÊ QUER SABER MAIS?

  • ASSINAR
  • CONTATO
  • CANDIDATAR-SE

FIQUE ATUALIZADO COM NOSSAS NOVIDADES

Você tem dúvidas sobre o Barça Universitas?

  • Startup
  • Centro de investigação
  • Corporate

Por favor, preencha os campos:

Por favor, preencha os campos:

Por favor, preencha os campos:

O formulário foi enviado com sucesso.

Por favor, preencha os campos:

Por favor, preencha os campos:

Por favor, preencha os campos:

O formulário foi enviado com sucesso.

Por favor, preencha os campos:

Por favor, preencha os campos:

Por favor, preencha os campos:

O formulário foi enviado com sucesso.