August 5, 2019
Rendimento
Saúde e Bem-Estar
Saúde e Bem-Estar
Medical services and wellness
FRIO PARA MELHORAR A RECUPERAÇÃO PÓS-EXERCÍCIO É REALMENTE UM MÉTODO EFICAZ?
Favorecer uma correta recuperação após as sessões de treinamento é fundamental para a melhora do desempenho, já que nos permitirá diminuir os tempos de descanso entre sessões e aumentar a carga de trabalho em sessões posteriores. Existem inúmeras estratégias para acelerar a recuperação, desde estratégias nutricionais (por exemplo, o uso de suplementos) a estratégias físicas como massagem, a recuperação ativa ou aplicação de frio. De fato, esta última é uma das estratégias mais populares em esportes coletivos, sendo comum ver atletas do mais alto nível submergindo-se em banhos de gelo depois de uma partida ou um treino intenso.
Prós e contras da aplicação de frio pós-exercício
Este método é utilizado sob a hipótese de que a aplicação de frio diminui a percepção de dor, já que poderia reduzir a velocidade de condução nervosa e o fluxo sanguíneo aos músculos exercitados, limitando assim, os processos de inflamação e edema. Existe de fato certa evidência que apoia a eficácia deste método. Por exemplo, uma meta-análise (Leeder, Gissane, van Someren, Gregson, & Howatson, 2012)publicada na prestigiosa revista British Journal of Sports Medicine mostrou que a aplicação de frio após o exercício diminuía a percepção de dor muscular e os níveis de creatina quinase no sangue (um marcador de dano muscular). Além disso, os autores observaram uma tendência a uma melhor recuperação da função muscular. Portanto, a aplicação de frio pós-exercício pode ser uma estratégia eficaz para aliviar a fadiga e a dor muscular no curto prazo depois de uma sessão intensa de exercício.
Contudo, a inflamação que acompanha o exercício é um processo que – em sua justa medida – pode fornecer certos benefícios, já que fará com que seja ativada uma série de mecanismos a nível celular que favorecem as adaptações ao treinamento (ex., hipertrofia muscular, aumento do número de mitocôndrias, etc.). Ao bloquear a inflamação com a aplicação de frio pós-exercício, estaríamos freando estes mecanismos de adaptação (McPhee & Lightfoot, 2017)e, de fato, estudos recentes mostraram que a aplicação de frio reduz em parte as adaptações ao treinamento. Por exemplo, em um estudo (Roberts et al., 2015)em que foram comparados atletas que treinaram durante 12 semanas e que depois de cada sessão realizavam recuperação com frio (10 minutos a 10 graus de temperatura) ou recuperação ativa (10 minutos de pedaladas suaves), os autores observaram um menor ganho de massa muscular (três vezes menos) quando os participantes realizavam recuperação com a aplicação de frio. Além disso, o grupo que realizou recuperação ativa ganhou quase o dobro de força que o grupo que realizou imersão em água fria. Por outro lado, os resultados mostraram que a aplicação de frio após uma sessão de exercício diminuía a resposta anabólica e miogênica, ou seja, reduzia os processos de adaptação das fibras musculares.
Portanto, a aplicação de frio depois do exercício pode ser recomendável quando o objetivo for evitar a dor muscular e atenuar a perda de rendimento sem importar as adaptações produzidas por essa sessão como, por exemplo, para a recuperação entre duas partidas que acontecem em um breve período de tempo. Entretanto, esta estratégia parece bloquear a adaptação muscular ao exercício e, por isso, não seria recomendável sua inclusão de forma geral no planejamento se o objetivo for melhorar o desempenho no longo prazo. Ao contrário, evidências recentes mostraram que a aplicação de calor (38 ºC) poderia ser inclusive mais eficaz que o frio para melhorar a recuperação pós-exercício, atenuando a perda de rendimento e acelerando a ressíntese de glicogênio (Cheng et al., 2017). Além disso, estudos em animais sugerem que a aplicação de calor após o exercício poderia inclusive aumentar as adaptações produzidas com o treinamento, especialmente aquelas relacionadas à resistência (ex., melhoria de função mitocondrial) (Tamura et al., 2014). Não obstante, embora as evidências até o momento sejam prometedoras, são necessários mais estudos para poder recomendar a aplicação de calor como estratégia de recuperação.
Conclusões
A aplicação de frio pode ajudar a reduzir a sensação de dor muscular e a atenuar a diminuição de desempenho após uma sessão ou partida intensa, acelerando, assim, a recuperação. Entretanto, é importante considerar que esta estratégia diminui também as adaptações induzidas pelo treinamento e poderia, portanto, implicar menores melhorias de desempenho no longo prazo. Por outro lado, os benefícios que a aplicação de calor pós-exercício pode fornecer tanto para a recuperação quanto para a facilitação das adaptações ao exercício são prometedores, embora seja necessária mais evidência a respeito.
Inscreva-se para o Barça Sports Medicine Conference
A equipe Barça Innovation Hub
REFERÊNCIAS
Cheng, A. J., Willis, S. J., Zinner, C., Chaillou, T., Ivarsson, N., Ørtenblad, N., … Westerblad, H. (2017). Post-exercise recovery of contractile function and endurance in humans and mice is accelerated by heating and slowed by cooling skeletal muscle. Journal of Physiology, 595(24), 7413–7426. https://doi.org/10.1113/JP274870
Leeder, J., Gissane, C., van Someren, K., Gregson, W., & Howatson, G. (2012). Cold water immersion and recovery from strenuous exercise: a meta-analysis. British Journal of Sports Medicine, 46(4), 233–240. https://doi.org/10.1136/bjsports-2011-090061
McPhee, J. S., & Lightfoot, A. P. (2017). Post-exercise recovery regimes: blowing hot and cold. Journal of Physiology, 595(3), 627–628. https://doi.org/10.1113/JP273503
Roberts, L. A., Raastad, T., Markworth, J. F., Figueiredo, V. C., Egner, I. M., Shield, A., … Peake, J. M. (2015). Post-exercise cold water immersion attenuates acute anabolic signalling and long-term adaptations in muscle to strength training. The Journal of Physiology, 593(18), 4285–4301. https://doi.org/10.1113/JP270570
Tamura, Y., Matsunaga, Y., Masuda, H., Takahashi, Y., Takahashi, Y., Terada, S., … Hatta, H. (2014). Postexercise whole body heat stress additively enhances endurance training-induced mitochondrial adaptations in mouse skeletal muscle. American Journal of Physiology-Regulatory, Integrative and Comparative Physiology, 307(7), R931–R943. https://doi.org/10.1152/ajpregu.00525.2013
KNOW MORE
CATEGORY: MARKETING, COMUNICAçãO E GESTãO
“There are majestic, grandiose stadiums; some are simply fascinating, others are magical… Many of these are full of tradition, great reserves that, with time, become true legends… with their stands etched into history, where the eagerness and dreams of glory of all who occupied their seats or competed on their fields will be kept forever.Stadiums have a soul.”
CATEGORY: FUTEBOL RENDIMENTO DESPORTIVO
Através da visão por computador, podemos identificar alguns défices em relação à orientação corporal dos jogadores em diferentes situações de jogo.
CATEGORY: MEDICINA SAúDE E BEM-ESTAR
Um exame de saúde deve ser capaz de detetar situações que, apesar de não apresentarem sintomas evidentes, possam pôr em perigo um desportista sujeito a um grande esforço.
CATEGORY: FUTEBOL DESPORTOS COLECTIVOS
Nas palavras de Johan Cruyff, “os jogadores, na verdade, têm posse da bola, em média, durante 3 minutos. Portanto, o mais importante é: o que fazer durante os outros 87 minutos em que não se tem a bola? É isto que determina a qualidade do jogador.”
CATEGORY: MEDICINA SAúDE E BEM-ESTAR RENDIMENTO DESPORTIVO
As lesões musculares representam mais de 30 % de todas as lesões sofridas em desportos como o futebol.
¿VOCÊ QUER SABER MAIS?
- ASSINAR
- CONTATO
- CANDIDATAR-SE
FIQUE ATUALIZADO COM NOSSAS NOVIDADES
Você tem dúvidas sobre o Barça Universitas?
- Startup
- Centro de investigação
- Corporate