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February 28, 2020

Gestão de Lesões
Saúde e Bem-Estar

JUANJO BRAU: “AS LESÕES NÃO RECEBEM TRATAMENTO, SÓ ADMINISTRAÇÃO”

É responsável pelo setor de fisioterapia do FC Barcelona, chegou em 1997, e sustenta que não existem manuais para enfrentar a máxima exigência do esporte. Para enfrentar lesões e diminuir prazos de recuperação que uma competição impõe é muito importante a base de conhecimento científico, a tecnologia disponível e a intuição do preparador para interpretar a situação com perspectiva. Combinar arte e ciência através de palavras.

O senhor tem muitos anos de profissão? O que mudou de verdade até hoje?

Muitas coisas mudaram. Hoje temos mais conhecimento, pesquisas e tecnologias.

Atualmente, quais são as funções específicas de um fisioterapeuta?

O fisioterapeuta hoje é fundamental. Por muitos motivos, pois ele é o elo entre o atleta, o staff médico e o técnico. Atualmente, o fisioterapeuta convive com o atleta, cuida do físico, e me atrevo a dizer que ele é fundamental para uma equipe.

Com quem se trabalha mais de perto?

A conexão com o preparador físico é evidente. Uma equipe. O fisioterapeuta é parte fundamental para que o atleta possa treinar com todas as garantias e com as melhores condições. Nós informamos aos preparadores quais são as reais condições do atleta, para que eles avaliem as cargas de trabalho em função da condição física. No meu ponto de vista isso é fundamental.

Normalmente, os fisioterapeutas realizam uma reunião matutina, uma hora antes da chegada dos atletas, onde são repassados os acontecimentos do dia anterior. O pós-treino, como aconteceu, quais tratamentos foram aplicados nos atletas, qual é a sua situação física e quais as queixas e cansaço… Nesta reunião, apresentamos todas essas informações e fazemos um relatório, no qual informamos ao preparador físico recebe a real situação de cada atleta, e avalia as recomendações para aplicar as devidas cargas de treinamento, caso sejam necessárias. Há um espírito de equipe.

Existe um controle da fadiga com o uso da tecnologia

O preparador físico interpretará as informações do treinamento e enviará um relatório para saber se algum atleta tem déficit e então gerar um alerta na instrução. Todas essas informações são extraídas do GPS que cada atleta leva para o treinamento.

O senhor relaciona o seu trabalho como uma combinação de arte e ciência nas conferências realizadas

A base de conhecimento é científica, o conhecimento adquirido, mas a partir daí podemos ver se, realmente, é possível aplicar esta ciência. Cada profissional tem uma forma de interpretar, em função dos parâmetros ou variáveis do momento, porque talvez faça hoje, mas não amanhã. É uma arte, porque consiste em gerenciar uma situação em base à ciência.

Intuição e preparação constante

Afirmo sempre as lesões não recebem tratamento, só tratamento. Contextualizo tudo antes de começar a trabalhar, necessito interpretar corretamente a situação. Então, tomo as decisões para cada momento.

Ao longo dos anos, dentro destas intangíveis, o que se repetiu frequentemente?

À medida que se ganha mais experiência e conhecimentos, consequentemente, são menores as chances de erros, mas é importante afirmar que todos os dias aprendemos novas coisas, que necessitamos interpretar e valorizar, contextualizar muitas variáveis. O mais importante é o estado de ânimo do atleta. Como posso motivar esses atletas que estão lesionados e não podem jogar? Qual o trabalho que posso passar para que seja divertido e aceitável e que não seja pesado? As respostas vêm do dia a dia, vivenciado estas situações e, sobretudo, conhecer bem o atleta. Devendo ser empático, mas sempre influenciando pelo racional e não pelo emocional para que não comenta erros.

Ao trabalhar tantas horas seguidas com os atletas também tem que ser um pouco psicólogo, não?

Minha profissão é prestar um serviço e para isso estamos. Conhecer o atleta é fundamental e isso deve acontecer desde o começo. Necessitamos conversar muito. Verificar seus pontos fortes e fracos. Porque a recuperação dele depende de nós dois. Eu somente instruo, acompanho, mas quem faz tudo é ele. Não tenho um condão mágico. Ao mesmo tempo, ele deve acreditar nas minhas propostas, pois só proporei o que terá resultados. É fundamental conversar e saber se o que proponho gera um bom feeling. Caso contrário, mudamos e adaptamos. Jamais obrigarei um atleta a fazer o que ele não quer. O problema é que muitas vezes nos deparamos com outros membros da equipe que dão uma opinião diferente da que a gente tem.

Como evitar a decepção do atleta frente às lesões?

O pior dia de um lesionado é justamente o dia da lesão, porque no dia seguinte já é diferente. Sabe o quão abrangente é sua profissão? Normalmente digo: “Estamos diminuindo dias”.

Uma das facetas da sua profissão é recriar, como castelos de areia

Sou autodidata e não gosto de repetir exercícios, mas sim que sejam variados. Com uma boa base, poderão ser criadas várias possibilidades para que não seja tão repetitivo para o atleta, para não gerar até uma fadiga mental. Às vezes o mais simples é o mais apropriado, com poucos recursos, mesmo tendo toda a tecnologia que temos em aparelhos. Entretanto, não acredito em modismos e que um exemplo sirva para tudo. A final, a recuperação depende de muitos fatores.

Mas a tecnologia para quantificar resultados é necessária para obter resultados

Caso não possa quantificar algo, não poderei melhorar. Neste caso é importante observar, filmar os atletas. Mas a tecnologia deve ser acompanhada e as informações necessitam de uma ótima interpretação. Se te coloco um GPS, você pode dar um sprint de 21 quilômetros por hora. Sem essas informações poderia pensar que o atleta esteja recuperado, mas na verdade pode existir uma falsa informação. Tenho que quantificar um suporte ruim, por exemplo. Por que escolher sempre à direita? Por que fazer mais ações à esquerda? Por que saltar sempre com a mesma perna? A percepção do atleta também é uma informação quantificável. Quando o atleta conta como se sente, essa informação é objetiva; caso eu diga como ele se sente é subjetivo. Caso o atleta afirme que não está bem, devemos por obrigação, aceitar essa informação.

Como a autossugestão afeta na recuperação do atleta?

Existem pessoas que psicossomatizam tudo. Para alguns é mais complicado sentir-se confiante. Aquele que conhece seu corpo, normalmente atletas veteranos sabem como reagir. Para os jovens é mais difícil.

Alguma vez se questionou sobre administrar prazos e circunstâncias na sua profissão?

Certamente. Porque afinal o futebol é um estado de ânimo. O estado de ânimo do atleta é fundamental. O dia mais importante não é o do jogo, mas tudo o que acontece prévio a ele. Quando jogam, veem todo o trabalho e as sensações que sentiram durante a semana de trabalho.

Depois, todos os esportes evoluíram muito, mas no caso do futebol foi lenta essa evolução e talvez necessite de mais evolução. É o único esporte que todos os atletas participam do começo ao fim. Às vezes, quando falta ritmo, por que não são feitas alterações? As pessoas querem ver o espetáculo. Por exemplo, se mudar três ou quatro vezes a cada quinze minutos, aumentará a intensidade. Com as mesmas regras. Sem perder a essência. O que não participa do jogo jogará mais e o que participa jogará menos. Casa vez existem mais jogos e o atleta irá se lesionar mais. Isso é fato. Além disso, os jogos são cada vez mais físicos. Caso tenha dois jogos por semana não haverá tempo para se recuperar.

Qual é o futuro desta profissão?

Implementar todas as novas tecnologias aplicadas aos esportes. A sofisticação conduz a melhores conhecimentos, a tecnologia cada vez traz mais informações, mas nós necessitamos de consensos para a melhor interpretação. E o problema é que essas informações são globais e as respectivas interpretações são individuais. Nem todas as informações servem para todos. No mundo dos esportes é comum a individualização. Cada atleta tem uma personalização e indicações específicas.

 

 

A equipe Barça Innovation Hub

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