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March 27, 2020

Medicina
Saúde e Bem-Estar

OS ESPORTES DE ALTO DESEMPENHO E A SAÚDE ÓSSEA. SERÁ QUE EM TODOS OS ESPORTES ESSA RELAÇÃO É SEMELHANTE?

A osteoporose é uma doença alta incidência a partir de uma certa idade, e em pessoas que apresentam baixos valores de densidade óssea (DMO) e de conteúdo mineral ósseo (CMO), ocasionando riscos de fraturas. Esta doença afeta, principalmente, mulheres na fase pós-menopausa, mas também pode afetar pessoas de outras idades, incluindo até mesmo crianças, em outras condições. De fato, estima-se que o número de pessoas com osteoporose aumente em quase 34 milhões em 2025, o que representa um aumento de 23% em relação a 2010.

O exercício físico é proposto como uma estratégia benéfica para melhorar a saúde óssea, mas evidências científicas a respeito do assunto ainda são incertas. Por exemplo, em uma meta-análise (Nikander et al., 2010), onde foram incluídos 10 estudos, concluiu-se que, enquanto os exercícios físicos aumentam os valores de DMO em crianças na fase pré-adolescente, em geral não induzem esses efeitos nas fases posteriores (ou seja adolescentes, adultos ou idosos). Essa heterogeneidade ou controvérsia poderia estar relacionada aos exercícios realizados, pois há uma probabilidade de que nem todos os tipos de exercícios tenham os mesmos efeitos. Desta forma, para confirmar esta hipótese, a responsável pela Unidade de Medicina Esportiva do CAR e a equipe médica do FC Barcelona avaliaram, recentemente, os dados de mulheres atletas de alto desempenho que praticavam diferentes esportes em ambos os centros de alto desempenho, em comparação com um grupo de mulheres sedentárias que foi instituído como de grupo de controle (Bellver et al., 2019).

Os resultados do estudo demonstraram que, tanto aquelas atletas que praticaram esportes aquáticos como natação, nado sincronizado ou polo aquático, quanto aquelas que praticaram esportes não aquáticos como futebol, voleibol e hóquei apresentaram valores maiores de DMO e CMO comparados ao grupo de controle. É interessante observar que, as atletas que praticaram esportes não aquáticos apresentaram valores maiores de DMO e CMO comparados as que praticaram esportes aquáticos. Ao analisar os resultados por esportes, os valores maiores de DMO e CMO foram encontrados nos esportes de alto impacto como voleibol e futebol, enquanto que os valores mais baixos foram encontrados no polo aquático, natação e nado sincronizado, seguidos pelo grupo de controle (informações apresentadas na Figura 1). Os valores para natação e nado sincronizado foram especialmente baixos, possivelmente porque as atletas de polo aquático treinaram uma menor quantidade de horas na água (12 a 15 horas por semana em comparação com as 36 horas das atletas do nado sincronizado) e ficaram um período de tempo maior fora da piscina (10 horas por semana contra as 8 horas das nadadoras ou ainda as 3 horas das atletas do nado sincronizado).

Figura 1. Densidade mineral óssea no corpo inteiro, na coluna vertebral e no quadril de mulheres atletas de alto-desempenho que praticam diferentes esportes e mulheres sedentárias. Fonte: Bellver et al. (2019).

Outros estudos também observaram diferentes efeitos da DMO de acordo com o esporte praticado. Por exemplo, um estudo recente (Andersen et al., 2018) observou que, os ciclistas apresentavam um valor menor de DMO total especialmente na região lombar e cabeça do fêmur, comparado ao grupo de corredores, mesmo tendo realizado um volume maior de treinamento. Semelhante a outro estudo (Duncan et al., 2002) que incluiu ciclistas, nadadores, corredores, triatletas e um grupo de controle composto por sedentários, foram observados que os corredores apresentaram um valor maior de DMO se comparados com os atletas que praticaram esportes sem impacto, ou seja, nadadores e ciclistas. Na verdade, somente os corredores e não os atletas dos outros grupos, independentemente do tipo de esporte praticado, apresentaram um valor maior de DMO comparados aos do grupo de controle.

Concluindo, os resultados demonstraram que, os exercícios realizados, mesmo os de mais alto desempenho, não trazem efeitos negativos para a saúde óssea, mas sim contribuem para melhorá-la em relação à população sedentária, assim como estes benefícios dependem do tipo de esporte praticado. Os estímulos mecânicos ativam uma série de sinais formadores dos ossos, os “osteogeios”, que favorecem o seu fortalecimento, porém, estes estímulos são quase inexistentes quando um exercício não é praticado contra o efeito da gravidade, como por exemplo, dentro da água ou no ciclismo. Por isso, recomenda-se incluir atividades que criem estes estímulos como os exercícios de corrida, saltos ou treinamento de força para estimular a DMO.

A equipe Barça Innovation Hub

 

 

REFERÊNCIAS

  • Andersen, O. K., Clarsen, B., Garthe, I., Mørland, M., and Stensrud, T. (2018). Bone health in elite Norwegian endurance cyclists and runners: A cross-sectional study. BMJ Open Sport Exerc. Med.4, 1–7. doi:10.1136/bmjsem-2018-000449.
  • Bellver, M., Del Rio, L., Jovell, E., Drobnic, F., Trilla, A. (2019) Bone mineral density and bone mineral content among female elite athletes. Bone, Oct;127:393-400.
  • Duncan, C. S., Blimkie, C. J. R., Howman-Giles, R., Briody, J. N., COWELL, C. T., and BURKE, S. T. (2002). Bone mineral density in adolescent female athletes: relationship to exercise type and muscle strength.  Sci. Sports Exerc.34, 286–294. doi:10.1097/00005768-200202000-00017.
  • Nikander, R., Sievänen, H., Uusi-Rasi, K., Heinonen, A., Kannus, P., and Daly, R. M. (2010). Targeted exercise against osteoporosis: A systematic review and meta-analysis for optimising bone strength throughout life. BMC Med.8, 47. doi:10.1186/1741-7015-8-47.

 

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