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December 22, 2020

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A inteligência artificial nunca substituirá os analistas porque elas não tomam decisões”

Joan Fabregat, Project Data Manager do FC Barcelona, mediou uma conferência com Ivan Valle, Video Analysis and Sport Performance Systems Manager do FC Barcelona, Joe Pavitt, da IBM, David Garcia, engenheiro de dados da atsistemas e Kristine Stewart, do World Economic Forum, sobre a tomada de decisões a partir de dados e da inteligência artificial.

Valle explicou o quanto o Barça avançou neste campo. O clube gera 120 teras de vídeos ao ano e grava com a empresa Pixellot nos campos de treinamento das categorias inferiores e da primeira divisão. Ele garante: “gravamos absolutamente tudo”. A finalidade é que profissionais como técnicos, scouters e até mesmo cientistas, sejam assistidos em suas tomadas de decisões.

Os desafios enfrentados pelo clube, revelou ele, incluem a obtenção de informações em tempo real e a centralização de todos os dados. Atualmente, o Barça serve como laboratório experimental para o esporte de dados, fornecendo ferramentas muito úteis aos atletas mais jovens com o objetivo de melhorar seu desempenho.

Joe Pavitt especializou-se em aplicações de inteligência artificial para análise de desempenho esportivo e suas transmissões durante os últimos anos. Seu principal objetivo é definir uma interface para apresentar os dados. A essência é o acesso fácil à informação. A linguagem natural deve ser utilizada para que especialistas de diferentes áreas possam consultar os dados sem dificuldade.

Estes modelos já foram desenvolvidos no rugby, onde se facilitava as jogadas mais importantes da partida que tinham acabado de disputar, e foram utilizados, principalmente pelos atletas. Muitos deles não eram atletas profissionais, tinham seus empregos e não dispunham de tempo hábil para analisar o jogo. Neste ponto encontramos a principal utilidade destes desenvolvimentos tecnológicos, oferecer mais tempo aos analistas, que se dedicam exclusivamente às análises e não à obtenção e preparação de dados.

Garcia destacou o uso da inteligência artificial que permite ao atleta melhorar seu desempenho. Uma ferramenta com a qual podemos consultar a probabilidade de lesões, tipo e duração, ou diretamente a probabilidade de sucesso em um campeonato. O único problema seria a qualidade dos dados e onde eles seriam publicados.

Para Stewart, a pandemia trouxe uma revolução nas transmissões esportivas que necessariamente envolvem a tecnologia de inteligência artificial. Os trabalhos realizados para dar voz aos torcedores e, de alguma forma, trazer sua presença às arenas quando não se podia assistir aos jogos presencialmente, não foi uma circunstância isolada, certamente demarcou o caminho.

“Mesmo que diversifique sua renda, nunca esqueça qual é seu negócio principal”

Steve Gera, embaixador do FC Barcelona nos Estados Unidos, conversou com Shana Ferguson, diretora do departamento comercial do USA Swimming, Larry Freedman, presidente do Los Angeles FC e Eric Winston, da OneTeam Partners, sobre formas alternativas de rentabilidade e novos negócios no mundo dos esportes.

Ferguson explicou que, por ser uma organização vinculada ao governo, que por sua vez prepara atletas para os Jogos Olímpicos e Copas do Mundo, suas fontes alternativas de receita são limitadas. Seu orçamento é financiado principalmente através das contribuições dos seus 400.000 membros, que têm entre 6 e 18 anos de idade assim como pelas doações recebidas. No entanto, ela comentou: “cada dólar que entra, já é dividido automaticamente entre os todos os sócios”. Em outras palavras, todo o valor arrecadado é revertido ao desenvolvimento da natação.

Neste momento, continuou, a crise em consequência da pandemia trouxe muitos danos. As piscinas foram fechadas e as crianças não se inscreveram mais para a organização, sendo que não houve treinamentos nem mesmo competições. Quando o vírus atingiu sua maior curva, o mundo praticamente parou e agora que 80% dos clubes abriram, nem tantas crianças estão se inscrevendo em virtude da preocupação de seus pais, que estão assustados com esta retomada. É por isso que toda a receita de patrocínio diminuiu significativamente. Eles tentaram uma saída organizando competições on-line, mas como já existia uma estratégia a longo prazo com os patrocinadores, decidiram não aceitar novas ofertas de anunciantes. E lamentou: “talvez tenhamos sido bons demais, visto conseguirmos manter os salários de todos os nossos colaboradores assim como os torneios”.

Para o Los Angeles FC, o estádio é o seu maior patrimônio. Além dos jogos de futebol, onde são cobrados ingressos, há ainda os serviços de hotelaria, gastropubs, merchandising e estacionamento, sendo que muitas de suas receitas são provenientes de conferências, concertos, reuniões, programas de TV, eSports e festivais de todos os tipos. Com a pandemia, aconteceram as transmissões televisivas e as arquibancadas vazias foram cobertas pelos anunciantes. Eles também iniciaram outra linha de negócios através de parcerias com outras empresas, especialmente ao acompanhar uma venda da Adidas, de um par de tênis preto e dourado, transação realizada em apenas alguns minutos, mas ainda há um item que gostaria de enfatizar: “nunca podemos esquecer qual é o nosso negócio principal”.

Winston, por sua vez, explicou que o negócio de sua empresa auxilia os atletas a rentabilizar sua imagem. Em seu ponto de vista, os atletas não estão sendo valorizados como deveriam neste mercado. Gera solicitou que explicasse por que sua empresa é conhecida por fazer negócios fora das margens tradicionais, onde Winston expôs que os atletas podem direcionar a exploração de sua imagem para negócios fora do âmbito esportivo. Citou sua participação em um trabalho em conjunto com uma empresa que está desenvolvendo um “Uber de extensões de cabelo”, têm um alto custo, mas significam uma oportunidade de investimento para as atletas afro-americanas. Ele acredita que devemos deixar para trás a era dos patrocinadores e nos concentrar mais em investimentos conjuntos, onde o atleta e a empresa se tornem verdadeiros parceiros.

 

Por que o tênis ficou para trás na análise de dados?

Em 2004, uma partida do US Open entre Serena Williams e Jennifer Capriati teve várias jogadas polêmicas. Embora existam vídeos, não havia nenhum sistema de olho de gavião ou Hawkeye para os juízes de linha decidirem sobre bolas suspeitas. A raiva de Williams entrou para a história e, desde então, a revisão através de recursos eletrônicos tornou-se indispensável, sendo que apenas após dois anos, o US Open foi o primeiro torneio do Grand Slam a introduzi-la. Entretanto, Stephanie Kovalchik, uma cientista de dados da Zeus Analytics, acredita que ainda há um longo caminho a ser percorrido e ainda assim com muitos obstáculos.

Embora o tênis tenha sido um dos primeiros esportes a utilizar o tracking ou rastreamento para analisar a trajetória da bola e a posição dos atletas, este tipo de informação não acrescenta muito ao que um telespectador já pode ver por si mesmo na transmissão de uma partida. Para Kovalchik, os desenvolvimentos de segunda tela nas transmissões de tênis são semelhantes às vistas em uma transmissão televisiva, há intenções de fornecer análises mais avançadas, mas no final “nada foi feito a não ser calcular onde a bola cai”.

A realidade é que não há uma consciência coletiva de que os dados podem revolucionar o tênis como já está acontecendo em outros esportes, por exemplo, no futebol, continuou Kovalchik. É necessário pensar adiante para fornecer uma análise que ultrapasse a simples estatística descritiva e dê respostas que vão além de quem venceu ou perdeu,

sendo paradoxo a questão de que o tênis tem uma longa tradição em análise de dados. A cientista citou Bruce Old como um dos pioneiros, autor de vários livros sobre táticas nos anos 60, mas, infelizmente, acredita que ele seja pouco conhecido entre os técnicos hoje em dia. Igualmente com os estudos acadêmicos sobre tênis dos anos 70, que trouxeram fenômenos do jogo que surgiram por volta de 2010. Um exemplo seriam as pesquisas do SL George de 1973, sobre estratégia de saque no tênis.

No entanto, atualmente existe uma lacuna no uso de dados, onde não há um bom acesso nem ao menos um fornecedor oficial. O problema é que em uma coleta de dados, cada torneio funciona independentemente, assim como os atletas. Além disso, os torneios estão interessados em trazer os melhores atletas e obter receitas provenientes de transmissões, venda de ingressos e publicidade. Melhorar o jogo não está entre suas prioridades e as coletas de dados de mais de 80 torneios são realizadas individualmente, não sendo compartilhadas umas com as outras. Por esta razão, os dados sobre esta modalidade de esporte têm sido procurados fora dos canais oficiais, geralmente, entre as pessoas que o fazem voluntariamente.

Há uma margem de melhoria para os atletas e para o desenvolvimento do jogo que não está sendo explorada, reclama Kovalchik. Para citar um caso, se você calcular o uso de drop shots ou deixadinhas, observamos que estes golpes aumentaram estatisticamente nos jogos. Se os dados sobre este esporte fossem de livre acesso ou se já estivessem compilados, mais fenômenos como este poderiam ser identificados.

“Durante doze anos, o Barça apresentou mais tempo com a posse de bola em 887 das 902 partidas”

A filosofia do FC Barcelona é a organizar a equipe em torno da bola e que o passe é a forma de comunicação mais eficaz entre os atletas. E isto é algo tão simples, chamamos de jogo natural, trazendo infinitas possibilidades nas quais precisamos nos dedicar por toda a vida, conforme Isaac Guerrero. No entanto, ele tentou explicar suas principais linhas de raciocínio em uma palestra. Aqueles que permitiram que o clube lançasse dados surpreendentes, como o domínio de posse sobre seus rivais em 887 das 902 partidas que jogaram ao longo de 12 anos.

Guerrero citou um diferencial entre modelo e ideia. Um modelo seria um padrão a ser seguido que os atletas têm que delimitar. Uma ideia, entretanto, é a adaptabilidade a um contexto de jogo, oferecendo liberdade ao atleta no âmbito de uma intensão coletiva. Neste caso, a sugestão do Barça é que a bola seja a responsável em organizar um jogo.

A hipótese inicial é que a bola encontre os atletas e não o contrário. Neste ponto, citou as palavras do fascinado Seydou Keita, primeira contratação da era Guardiola Barcelona, onde o jogo da equipe em que acabava de chegar parecia ser “alucinante”. Ele comentou que, antigamente, em todos os clubes que jogou, se quisesse a bola, tinha que se mover muito e, no Barça, mesmo estando em seu lugar, ele já chegava. Em termos de recuperação, Guerrero explicou que a vantagem do jogo curto é que o atleta só tem que se deslocar entre dois ou três metros para realizá-lo.

Ambos os conceitos compõem o jogo de localização. Uma evolução que há duas décadas era conhecido como o jogo de posição. A crítica padrão desta abordagem, lembrou Guerrero, é que a equipe “não avança”, mas ele entende que se deve ao fato de que “o âmago” desta ideia não foi compreendido. O Barça se reorganiza continuamente, mudando constantemente de local. Movendo a bola de um lugar para outro, vão surgindo linhas de passe até que a comunicação final com a rede seja estabelecida, ou seja, o último passe.

Desde a época de Rinus Michels, o clube vem desenvolvendo continuamente esta filosofia. O passo mais importante foi dado com Johan Cruyff, mas mesmo antes disso Laureano Ruiz o havia introduzido no futebol de formação. Lembrando também a época de Menotti, década de 1980. Ainda mais tarde, Louis Van Gaal, nos anos 90, fez uma grande contribuição ao compartilhar suas técnicas para este tipo de jogo. Depois disso, vieram Rijkaard, Guardiola, Tito, Luis Enrique etc., que fizeram história com as mesmas hipóteses e todos os técnicos que se inscreveram, como Valverde ou Setién, as compartilharam.

No entanto, jogar e dar passes não é a mesma coisa que dar passes para jogar, acrescentou. O importante é que toda a equipe esteja envolvida e não só que uns ataquem e outros defendam, mas que exista uma conexão entre todos. Da mesma maneira, não há um equilíbrio entre risco e benefício nestas ações. Este modelo não se orienta pelos gols e sim pela bola. Uma forma de aliviar a pressão dos atletas. O ideal seria que, uma jogada próxima da área do gol apresentasse um mesmo ritmo em áreas, a priori, mais moderadas do campo Uma condição sine qua non, por outro lado, para alcançar a base deste sistema de jogo, ou seja, a autonomia do atleta.

Muitas vezes perguntar é mais importante que responder

O Dr. Asker Jeukendrup, pesquisador e professor na Universidade de Loughborough, Inglaterra, considerado um dos nutricionistas esportivos mais renomados internacionalmente, comentou sobre a importância de uma boa pergunta e seu valor no trabalho com atletas. Conforme já mencionado, “se não fizermos a pergunta certa, a resposta poderá não ter importância”. Os nutricionistas precisam solucionar problemas reais dos esportistas; por isso as perguntas devem apresentar uma importância clínica destacada. Desta forma, é comum nos depararmos com pesquisas que exageram nos efeitos com o propósito de estudar testes de conceito.

Por exemplo, ele comentou sobre evidências que apontam que combinar cafeína (em doses de 10 mg/kg) com carboidratos aumenta a absorção intestinal de glicose. De fato, há pesquisas que demonstraram isso, porém essa dose utilizada, é claro, não seria recomendável para atletas, em virtude de seus possíveis efeitos colaterais. Embora tenha sido identificada uma melhora na absorção intestinal a glicose quando combinada com cafeína, sua reprodução para a prática clínica seria complicada.

Da mesma forma, existem outras pesquisas que apontam a capacidade da cafeína de aumentar a oxidação da gordura. “Realmente, há pesquisas que constataram que a cafeína pode aumentar a oxidação de gordura em 27%, o que se converteria em uma diferença absoluta de 5 gramas por hora. Isto demonstra que, para alcançar uma perda de 1Kg de gordura, teríamos que praticar umas 200 horas de ciclismo. Além disso, isso só seria verdade se aceitássemos que a oxidação de gordura se converte em perda de peso, o que não é verdade. Necessitamos de um equilíbrio energético NEGATIVO”. Portanto, apesar do fato de que muitos meios de comunicação oferecem conclusões retóricas a algumas pesquisas, é necessário interpretar os resultados e avaliar suas possíveis aplicações na prática clínica.

Como última parte desta apresentação, o pesquisador detalhou estratégias que podem melhorar sintomas gastrointestinais, explicando as diferenças que ocorrem no estômago e no intestino, de acordo com a ingestão dos carboidratos de baixa ou rápida absorção. “Quanto mais carboidratos houver no intestino, maior será a propensão de desenvolver problemas gastrointestinais. Lembramos que, pequenas ingestões de carboidratos de rápida absorção exercem uma menor pressão sobre o trato digestivo, e consequentemente, são a melhor opção para o estômago e o intestino”.

Finalmente, o Dr. Jeukendrup citou a importância de guiar o atleta através de um raciocínio lógico na tomada de decisões. Isso está relacionado com a aproximação de uma solução final proposta pelo nutricionista, através do processo de comunicação estreita. “É preciso perguntar mais quando trabalhamos com os atletas ao invés de oferecer nossos conhecimentos ou conselhos de forma imediata. Assim, deveríamos tentar entender um pouco mais o atleta. Assim podermos construir uma relação de confiança, oferecendo-lhes instruções mais efetivas”.

 

 

“Os critérios dos técnicos e científicos precisam ser coordenados para que ambos se entendam de igual forma”

Alex Thomas, arquiteto de dados da Federação Inglesa de Futebol, (FA) explicou como compila as informações que são coletadas do futebol inglês. A ciência de dados mudou muito nos últimos oito anos, comentou, e já não são mais conceitos tão misteriosos como expectativa de metas, levando cientistas a avançarem com ideias mais abstratas.

Implementar organizacionalmente a filosofia de dados demanda um princípio essencial: informação objetiva. Não há nada mais importante em uma estratégia que definir cada conceito e o propósito da coleta de cada dado de forma consensual e centralizada.

Sua premissa é definir previamente qual o tipo de dado e a quem ele servirá. No futebol, desde psicólogos a nutricionistas, além de técnicos e scouters, todos concordam com esta informação. Destes profissionais podemos obter todas as diretrizes para entender o jogo e os pontos de referência para organizar as informações. Informações isoladas sobre um clipe, por exemplo, não tem grande validade. É preciso saber do que se trata, se é uma final, um amistoso, se a equipe vence, perde, contexto geral, resultado etc. Somente assim o armazenamento fará sentido.

Seu procedimento, portanto, é baseado na etiquetagem dos dados. É preciso analisar todas as imagens e acrescentar categorias a elas. Por exemplo, se estamos falando de um passe, com que perna, a que distância, se chega ao seu destino, se acontece à tarde ou durante o dia, se faz frio ou calor, se é um campeonato ou um amistoso etc.

Assim, a concordância terminológica é muito importante. Thomas quer ter certeza de que, quando um técnico se refere à pressão, os cientistas de dados compreendem a informação da mesma forma. Seus critérios têm que ser coordenados para que se entendam de igual forma, falando a mesma língua. Essas definições são o maior desafio enfrentado pelos analistas que codificam esses jogos.

Também muito importante estabelecer critérios, porque Thomas defende a compilação interna dos dados. Ele acredita que, quando as empresas fazem isso, fornecem muitos dados, porém a maioria dessas informações não são relevantes. Se você tiver seus próprios dados, ele comenta, haverá menos confusão e serão mais objetivos.

Como integrar complexidade na prática esportiva diária

O Dr. Samuel Robertson, professor da Universidade Victoria, em Melbourne, comentou sobre como integrar complexidade no dia a dia dos treinamentos. Embora muitos esportes como o beisebol continuem a realizar a maioria dos treinamentos básicos considerados de “volume” sem especificidade e, mesmo assim continuam melhorando. O Dr. Robertson aponta que “a crescente literatura científica mostra que a prática esportiva complexa é mais eficiente e mais eficaz do que a não específica”.

Quanto a medição dos processos e efeitos de um treinamento, o problema principal está no conhecimento da complexidade de sua prática, pois os métodos de medição nem sempre funcionam dessa maneira. Além disso, muitas vezes não medimos tudo o que realmente é importante em um treinamento ou campeonato, enquanto nos concentramos em parâmetros que não são tão importantes. Assim, o pesquisador insistiu na necessidade de uma medição precisa para criar programas, avaliar atletas e sua evolução assim como administrar diferentes situações que acontecem em meio ao jogo. Este é um ponto importante, isto porque em muitas ocasiões “não sabemos por que um atleta age de determinada maneira durante a prática esportiva, em virtude de não medirmos o que realmente importa”.

Por esta razão, a tecnologia vem a favorecer o caminho para esta mudança de paradigmas. Sem ela e sem os métodos de medição apropriados, seremos dispensáveis no processo de melhoria dos atletas. O professor Robertson insistiu na premissa de que não devemos fazer algo que por natureza não somos bons. “Muitas vezes tentamos medir como seres humanos, através da nossa memória ou lembranças, porém, não somos especialmente bons nisso. Por isso é muito importante medir objetivamente através de dados e modelos”.

Finalmente, ele ressaltou como se tornou comum pensar que, enquanto técnicos, nosso trabalho está acima de tudo, sendo ele o mais importante de todos, “mas é preciso ter consciência de que nossa tarefa está totalmente relacionada à melhora do desempenho do atleta”. Para isso, devemos envolver e integrar o atleta no esquema da prática esportiva diária, que o conduzirá a reflexão, atitude esta imprescindível para aprimorar sua aprendizagem.

 

Como é a reabilitação de atletas com lesões nos isquiotibiais no FC Barcelona?

Nesta apresentação temos três fisioterapeutas do FC Barcelona: Erola Madrigal, Juan Carlos Pérez e Xavier Linde. Estes três profissionais, a partir de uma ótica com um alto grau de praticidade, nos mostram como atletas com lesões nos isquiotibiais são reabilitados, desde as primeiras etapas até o retorno aos campeonatos.

Erola Madrigal inicia comentando o caso de um atleta profissional do futebol que passou por tratamento cirúrgico após uma lesão isquiotibial. Assim, Erola nos apresenta as diferentes fases do tratamento realizado neste atleta, semana a semana, até o início do trabalho com preparadores físicos, desde quando começou a usar duas muletas até a inclusão progressiva de exercícios para recuperar a variação de movimento e força. Por exemplo, é possível observar que, na terceira semana o atleta já foi capaz de andar com uma muleta, de trabalhar com eletroestimulação nos quadríceps e de andar dentro da piscina. Na quinta semana já começou a andar e subir escadas e se exercitar com um maior controle motor, por exemplo, de cócoras a 90º, como no exercício Monster walk. Na sétima semana ele já estava habilitado para correr em máquinas AlterG (esteiras anti-gravidade) ou fazer apoios unipodais com cargas ou como nas últimas semanas (de 9 a 11) a introdução de exercícios excêntricos e balísticos, pliometria e mudanças de direção antes de seguir para o treinamento com os preparadores físicos. Mostra também a importância de controlar o processo de reabilitação por meio de eletromiografia e dinamometria isométrica dos músculos do quadril e do joelho, além de destacar a importância de individualizar o conteúdo e a duração de cada uma dessas fases, dependendo de cada atleta.

Em seguida, Juan Carlos Pérez explica como os exercícios em uma academia podem progredir do trabalho analítico para o funcional após uma lesão nos músculos isquiotibiais, com o objetivo de que o atleta continue a trabalhar em campo posteriormente. Para este propósito, são mostrados testes para avaliar a gama de movimentos e funcionalidade, incluindo dinamometria manual e plataformas de força para avaliar saltos assim como são ensinados vários tipos de exercícios que podem ser acrescentados no processo de reabilitação, incluindo tanto os isométricos como os concêntricos, excêntricos e complementares (exercícios para quadríceps, adutores, gastrocnêmio e sóleo, glúteos e core) e também funcionais (trabalho avançado de força em conjunto com pliometria, controle e coordenação neuromuscular, reeducação da corrida com exercícios técnicos e trabalho nas máquinas Alter-G).

Finalmente, Xavier Linde mostra como se produz a volta ao campo de jogo no FC Barcelona após uma lesão. Para isso, nos apresenta a potência dos exercícios realizados na areia, que reduzem as cargas a nível tendinoso e por outro lado estimulam o tendão em diversas direções além de ativar a musculatura e a corrida para cima e para baixo nos estágios iniciais. Na sequência, nos mostra como progredir e controlar a carga no retorno ao campo de jogo, podendo iniciar com exercícios lineares e depois incluir acelerações, desacelerações e mudanças de direção. Além disso, ela destaca a importância de aumentar progressivamente a velocidade para dosar o estímulo dos músculos do tendão. Assim, por exemplo, a quantidade de metros percorridos em alta velocidade (>21 km/h) pode ser avaliada através de GPS para controlar a carga produzida assim como as cargas “normais” desse atleta em particular também devem ser consideradas para que durante as últimas etapas do processo de reabilitação possamos nos aproximar ainda mais dessas demandas.

Tendinopatia dos isquiotibiais: o que sabemos sobre a origem e tratamentos?

O Dr. Thor Einar Andersen, diretor do departamento de medicina do esporte no Hospital Aspetar, fez um resumo da tendinopatia dos isquiotibiais, com foco na tendinopatia proximal. Esta condição afeta cerca de 1,5 dos atletas a cada 100 profissionais, o que não apresenta muita predominância. Entretanto, é importante melhorar seu diagnóstico e gestão. Para isso, o Dr. Andersen revisa a anatomia dos músculos isquiotibiais, a fisiopatologia desta condição e os vários fatores de risco envolvidos. Além disso, descreve como esta condição se apresenta clinicamente para que possamos melhorar seu diagnóstico assim como discute o papel das técnicas de imagem nela utilizadas. Especificamente, o Dr. Andersen comenta que muitos pacientes assintomáticos (25% em jovens adultos e 65% em idosos) podem apresentar alterações estruturais nas imagens de ressonância magnética (RM) sem apresentar quaisquer sintomas, portanto devemos dar uma ênfase especial aos testes clínicos e não aos testes de imagem. Finalmente, o Dr. Andersen comenta como devem ser tratadas as cargas de treinamento no tratamento das tendinopatias isquiotibiais a nível proximal e o papel de outros tratamentos complementares como o uso de fármacos, por exemplo, paracetamol ou AINES, terapia por ondas de choque extracorpórea ou injetáveis como corticosteróides, plasma rico em plaquetas ou proloterapia neste tratamento.

Por outro lado, o Dr. Lasse Lempainen, cirurgião do Hospital Mehiläinen e professor da Universidade de Turku especializado em lesões da parte inferior do corpo, aponta quando a cirurgia em atletas profissionais pode ser aconselhável para tratar lesões dos tendões isquiotibiais, de Aquiles e patelar. Para isso, ele comenta sobre várias situações em que pode ser aconselhável e as ilustra com casos práticos. Por exemplo, o Dr. Lempainen diz que a cirurgia do tendão isquiotibial pode ser recomendada no caso de avulsões proximais ou distais, assim como para rupturas do tendão central do bíceps femoral se o espaço for muito amplo e para fraturas por avulsão apófise se o fragmento da avulsão estiver deslocado mais de 10 a 15 mm. Por outro lado, além de casos em que a cirurgia precoce deve ser considerada, ela também deve ser apreciada quando os tratamentos tradicionais não funcionam e os sintomas se tornam crônicos. Por exemplo, em avulsões ou fissuras parciais crônicas ou em casos especiais como a síndrome compartimental crônica, ossificação heterotópica ou apofisite crônica.

Por outro lado, dentro do tema da cirurgia do tendão isquiotibial, o Dr. Lempainen faz um breve resumo das recomendações para a reabilitação após uma cirurgia. Assim, ele aponta que desde o primeiro dia, o paciente pode sair do hospital e começar a andar com muletas, iniciar fisioterapia e fortalecimento de 2 a 4 semanas, exercícios aquáticos de 5 a 6 semanas, correr normalmente de 2 a 3 meses e voltar para o campo de jogo de 3 a 5 meses. Após esta evolução, o retorno ao nível dos campeonatos geralmente ocorre de 4 a 6 meses, dependendo do atleta.

Finalmente, o Dr. Lempainen também comenta quando pode ser aconselhável tratar cirurgicamente o tendão de Aquiles, como em casos de avulsão do tendão de Aquiles do calcanhar, em tendinopatias de inserção do tendão de Aquiles em casos de proeminências ósseas no canto posterior-superior do calcanhar ou com a presença de esporas calcificadas, bem como em alguns casos de tendinopatia de Aquiles não-insercional, com edema peritendíneo, aderências, tendinite ou rupturas parciais. Além disso, ele também comenta brevemente que a cirurgia no tendão patelar pode ser recomendada se houver uma ruptura do tendão, bem como se os sintomas de tendinopatia estiverem cronicamente presentes após a aplicação de um tratamento mais tradicional.

 

 

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