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December 12, 2019

Medicina
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TENDINOPATIA, UMA ABORDAGEM INTEGRADA NA CONFERÊNCIA DE MEDICINA DO BARÇA SPORTS

No dia 7 de outubro, no âmbito da “Sports Science Week” (Semana da Ciência do Esporte), foi realizada a “Conferência de Medicina do Barça Sports”, um evento organizado pelo Barça Innovation Hub (BiHUB), a plataforma de inovação do FC Barcelona”. Nela reuniram-se os principais especialistas em tendões do mundo esportivo e apresentaram as mais recentes evidências científicas sobre fisiopatologia, clínica da dor e protocolos de prevenção, intervenção e reabilitação de lesões em tendões. Além disso, foi anunciado o lançamento em 2020 do Guia de lesões do tendão do FCB (FCB Tendon Injury Guide), onde o encontro de conhecimentos e experiências de 35 colaboradores de 11 países foram expostos, a fim de obter uma visão única na compressão e abordagem das lesões de tendão.

 

Descrição de patologias e dor

Na primeira parte da jornada dedicada à análise global de lesões, a Dra. Jill Cook, fisioterapeuta e pesquisadora da Universidade La Trobe, explicou como os tendões podem ter uma resposta paradoxal à carga, já que esta pode induzir uma adaptação, mas também pode ser um fator importante na patologia/dores nos tendões. Além disso, ela afirmou que “estudou durante muito tempo, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido na compressão da patologia e da dor, bem como entender tudo aquilo que não sabemos, como genética, comorbidades ou fatores de risco”.

O Dr. Markus Walden, cirurgião ortopédico e pesquisador do Football Research Group, apresentou estudos epidemiológicos que comprovam como os times apresentam uma média de 4 lesões de tendão por temporada, sendo a tendinopatia de Aquiles a mais frequente entre os atletas profissionais de futebol. Ele também analisou diferentes fatores de risco e observou que, sua indecência aumenta especialmente em pré-temporadas, em atletas mais velhos e em países com clima mais frio, sendo que este último pode ocorrer devido ao fato de os campos de futebol serem mais duros.

Ao mesmo tempo, o Dr. Sean Docking, pesquisador da Universidade La Trobe, enfatizou a importância de levar em conta o viés cognitivo no diagnóstico. O pesquisador explica como, em alguns casos, o uso da imagem pode ter efeitos negativos na resolução final da lesão, uma vez que o paciente pode desenvolver sintomas relacionados a ela.

A apresentação da Dra. Ebonie Rio, também pesquisadora da Universidade La Trobe, esteve focada no modelo de dor da lesão tendínea, indicando mitos que podem prejudicar sua recuperação. Dessa maneira, ela explicou os efeitos que a dor tem no cérebro e a importância da linguagem e do exercício no programa de reabilitação.

Para encerrar esta primeira abordagem sobre tendões, o Dr. Carles Pedret, especialista em Medicina esportiva e diagnóstico por imagem, analisou como o uso da imagem pode ajudar a gerenciar a evolução da lesão, destacando a ecografia como o melhor método de imagem para tendões e a ressonância magnética como diagnóstico diferencial. No entanto, afirmou que “apesar de que com a imagem é possível avaliar mudanças estruturais, ainda não sabemos exatamente o que elas significam”. Na mesma linha, a Dra. Sandra Mechó indicou que “as imagens nos permitem visualizar mudanças morfológicas, mas não podemos chegar a distinguir entre mudanças degenerativas ou adaptativas”.

 

Intervenções na lesão de tendões

A segunda parte da jornada começou com Henning Langberg, fisioterapeuta e professor da Faculdade de Saúde e Ciências Médicas da Universidade de Copenhague, que enfatizou a necessidade de também se focar em músculos e não apenas em tendões, uma vez que a saúde muscular parece ser crítica para tendinopatia. Além disso, afirmou que “no futuro, a reabilitação de tendões deve ser individualizada com base nos dados”.

Ao mesmo tempo, o Dr. Jeremy Loenneke, do Departamento de Saúde e Ciências do Exercício da Universidade de Mississippi, analisou as possibilidades de restrição do fluxo sanguíneo (BFR, pela sigla em inglês) na manipulação de lesões e modulação da carga de trabalho, pois “demonstrou ser uma técnica segura e que pode aumentar a massa muscular e a força com trabalhos com baixa carga/intensidade”. Apesar das oportunidades que se abrem, são necessários mais estudos, uma vez que as evidências analisadas até o momento mostram como os tendões parecem não se adaptarem às baixas cargas com a BFR, ao contrário da musculatura.

A apresentação do Dr. Tero AH Järvinen, da Faculdade de Medicina e Tecnologias da Saúde da Universidade de Tampere analisou um aspecto-chave na fisiopatologia das lesões tendíneas, hipóxia, ou seja, a redução de oxigênio em tecidos lesionados. Ele ressaltou que “o oxigênio é necessário para a regeneração dos tecidos”, e que sua redução aumenta a criação de estruturas vasculares não funcionais (neovascularização), o que agrava o problema. É por isso que, o uso de corticosteroides não se justifica, pois não trata a patologia e a degeneração dos tendões.

Na mesma linha, o Dr. Hans Tol, médico do Centro Acadêmico de Medicina Esportiva de Amsterdã, incentivou “o não uso de injeções de esteroides” em lesão de tendões, acrescentando que outro tratamento como “o PRP, além de ser caro e doloroso, não funciona”. Ele concluiu dizendo que “a carga é essencial e maravilhosa, embora não seja perfeita para todos os atletas” (loading is key and wonderful, but not wonderful for all athletes). Na mesma linha, o Dr. Lorenzo Masci, consultor de medicina esportiva e do exercício com sede no ISEH, argumentou que a terapia com exercícios deveria ocupar a primeira linha do tratamento, afirmando, ao mesmo tempo, que as cirurgias intratendinosas podem causar lesões graves nos tendões.

 

Casos práticos de reabilitação

O primeiro exemplo de manipulação de lesões nos tendões foi apresentado pelo Dr. Dylan Morrissey, fisioterapeuta e pesquisador da Queen Mary University of London, ilustrando um tratamento bem-sucedido da ruptura intratendinosa de Aquiles. Além disso, ele ressaltou a necessidade de melhorar as técnicas por imagem, pois, apesar de serem úteis no acompanhamento das lesões, ainda são necessárias melhorias na resolução.

O caso a seguir foi apresentado pelo Dr. Maurizio Fanchini, responsável pela área de força do AS Roma, que detalhou o tratamento a partir de uma abordagem multifatorial de uma ruptura do tendão de Aquiles de um atleta com 39 anos. Por outro lado, ele ressaltou a importância de monitorar a carga de treinamento, externa e interna, para controlar a capacidade do atleta na hora de treinar e competir.

Por sua parte, o Dr. Hans Zwerver, professor da Universidade de Groningen, observou novamente a importância do exercício na manipulação da tendinopatia patelar. Ele também apontou que a cirurgia não é uma solução rápida para essa tendinopatia, além disso, os resultados não são previsíveis em muitos casos.

O Dr. Andreas Serner, fisioterapeuta e pesquisador da Aspetar, falou sobre tendinopatia do abdutor, da qual afirmou que “existe um diagnóstico duvidoso”. Ele insistiu na importância de controlar previamente os níveis de força do atleta, a fim de antecipar lesões nessa área, pois “a força é reduzida antes que os sintomas apareçam”. Da mesma forma, para sua reabilitação, ele enfatizou a importância de aplicar uma carga progressiva.

 

Prevenção

Por último, foram apresentados modelos de prevenção e avaliação. O Dr. Robert-Jan de Vos, médico e pesquisador do Centro Médico da Universidade Erasmus, falou sobre os principais fatores de risco da tendinopatia de Aquiles, sendo que o principal deles foi a apresentação de uma tendinopatia de membros inferiores previamente. Da mesma forma, ele falou sobre o diagnóstico da tendinopatia de isquiotibiais e a ausência de protocolos de reabilitação clinicamente comprovados em pacientes com esta lesão. Por outro lado, o Dr. Seth O’Neill, professor da Universidade de Leicester, enfatizou a importância do diagnóstico na hora de abordar a reabilitação do tendão de Aquiles, bem como a necessidade de avaliar a junção músculo-tendão e as cargas que normalmente suportam. Por outro lado, destacou aquelas ações que deveriam ser evitadas no tratamento.

O Dr. Andreas Ivarsson, chefe do Departamento de Psicologia do Arsenal e professor da Universidade de Halmstad, explicou como o estresse e a suas consequências são variáveis que podem aumentar o risco de lesões. Com base nisso, ele afirmou que “o monitoramento dos níveis de estresse dos atletas, aliado a técnicas psicológicas, podem ser integradas ao trabalho preventivo de lesões dentro de um time ou clube e, dessa forma, ajudar a reduzir os riscos por lesões”. Por último, Daniel Florit, médico do FC Barcelona, analisou a extensão das lesões em tendões para os atletas dos times profissionais no FC Barcelona. Ele explicou que as lesões dos tendões patelares são as mais frequentes, seguidas, pelas dos tendões de Aquiles. Além disso, ele apontou que a incidência dessas lesões é maior nos esportes indoors (por exemplo, basquete, hóquei sobre patins e futebol de salão). Com base nesses dados, Javier Ruiz, especialista de força do FC Barcelona, afirmou que “os dados coletados durante essas duas estações são muito importantes para nós, já que nos fornecem informações de qualidade que permitem tirar conclusões que nos ajudam na identificação dos fatores de risco e desenvolvimento de propostas de trabalho cada vez mais específicas”.

 

A equipe Barça Innovation Hub

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