February 25, 2019
Gestão de Lesões
Rendimento Desportivo
NOVOS DADOS SOBRE AS EXIGÊNCIAS FÍSICAS PARA OS JOGADORES DE BASQUETEBOL
O basquetebol é um desporto de grande exigência. Um jogador realiza aproximadamente uma média de mil ações por jogo — não menos de dez das quais são de alta intensidade. Estas incluem movimentos explosivos, como sprints, saltos, acelerações ou desacelerações.
Uma análise exaustiva dessas exigências físicas permite otimizar os treinos, melhorar o rendimento e diminuir o risco de lesão. Num projeto em que participaram preparadores do F.C. Barcelona, estudaram-se pela primeira vez, e com grande precisão, muitas dessas variáveis, como as acelerações e desacelerações (travagens) a diferentes intensidades. De entre as conclusões do estudo publicado na revista Kinesiology, destaca-se a de que as travagens de alta intensidade ocorrem com uma frequência particular e, até, superior à das acelerações. Esses dados permitem, por exemplo, reorientar alguns treinos, para se incidir na carga com exercícios excêntricos, especialmente adequados para este tipo de movimentos.
Um projeto com jogadores de elite
Nunca se tinha feito uma análise tão precisa dos movimentos de jogadores profissionais durante os jogos de competição. Para isso, utilizou-se uma tecnologia baseada em acelerómetros, que permite obter dados de movimentos curtos, dentro de um pavilhão. “Os aparelhos de GPS tradicionais não permitiam fazê-lo no interior”, explica Jairo Vázquez, preparador físico do clube e autor principal do estudo.
O projeto acompanhou doze jogadores do primeiro plantel em todas as competições oficiais, fazendo uma análise das suas acelerações e desacelerações a diferentes intensidades, a relação numérica entre estas e a carga externa total, assim como um cálculo global — com base num algoritmo — dos movimentos realizados durante cada jogo, do princípio ao fim.
Obtiveram-se diversos resultados e conclusões. A conclusão mais importante e consistente é a de que o que mais ocorre, em todas as posições, são desacelerações de alta intensidade. Essas travagens são especialmente numerosas nas posições de extremo poste e base, seguramente por ações de dribbling e de preparação de lance, bem como pela necessidade de reagir às manobras do oponente na fase de defesa. Em contrapartida, as acelerações de alta intensidade são especialmente frequentes nas posições de poste, pela duração mais curta das ações em que participam. Seja como for, este último caso poderia dever-se às particularidades do plantel, devido à pequena amostra analisada. “Os nossos interiores eram muito atléticos”, assegura Vázquez, “pelo que se deveria ter algumas reservas quanto a generalizar estes resultados em particular.”
Dos dados à preparação
As travagens de alta intensidade implicam um exercício neuromuscular de tipo excêntrico. Este pode ser treinado de forma muito eficaz e cada vez mais acessível com roldanas de inércia rotacional, como demonstrou outro estudo do clube. “O conhecimento destes dados e do número tão elevado de travagens de alta intensidade vem reforçar a nossa convicção de que devemos preparar os jogadores para estas exigências, particularmente na pré-temporada ou em períodos da temporada em que haja menos carga competitiva”, afirma Vázquez. Além disso, dispor das relações entre as acelerações e as travagens permitirá “conciliar este trabalho com tarefas de otimização no próprio campo que enfatizem esse rácio, como se faz no futebol com tarefas em jogo reduzido”. Além disso, também “permitem individualizar o trabalho por posições, incluindo com base na configuração específica do plantel”, assegura.
A investigação, porém, não se fica por aqui. A tecnologia não para de evoluir. Agora, dispomos de um “GPS indoor” que podemos combinar com os acelerómetros e outros sensores de inércia tanto para melhorar a precisão e a qualidade como para diferenciar melhor os movimentos, como saltos ou impactos horizontais. Para otimizar o rendimento desportivo, temos de nos basear nos dados que a ciência está a proporcionar-nos”, conclui.
A equipa do Barça Innovation Hub
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