Um artigo publicado na revista científica Medicine & Science in Sports & Exercise demonstrou que um teste de esforço FATMAX com jogadores de futebol profissionais, além de servir para dar a aptidão cardiológica, ajuda a conhecer seu metabolismo energético principal. A melhor compreensão desse metabolismo pode ser muito útil para personalizar a nutrição e o tipo de bebidas esportivas estes atletas devem consumir.

A origem do trabalho, realizado com 16 jogadores, surge da colaboração entre o Barça Innovation Hub e o Gatorade Sports Science Institute (GSSI). Os Doutores Xavi Yanguas e María Antonia Lizarraga, da equipe médica do time titular de futebol, são alguns dos autores do artigo.

Como explica o Doutor Yanguas, “o teste de FATMAX é uma prova de esforço gradual em esteira em que a velocidade é aumentada a cada três minutos e, em fases finais, ocorre o declive: começa-se caminhando e acaba chegando-se a situações de fadiga do atleta. O atleta porta uma máscara, e o oxigênio inspirado e o dióxido de carbono exalado são analisados à medida que a prova avança. Com o quociente dos gases obtém-se uma curva que gera um perfil que mostra se o atleta usa os carboidratos como principal combustível ou se, ao contrário, utiliza as gorduras”.

Resultados surpreendentes

Os resultados foram surpreendentes na opinião dos autores, pois até agora, as bases teóricas indicavam que os carboidratos eram estritamente necessários porque eram o combustível universal para qualquer atleta.

“Entretanto, vimos que, nos esportes coletivos – principalmente em jogadores de futebol de alto nível –, chama a atenção que haja muito mais jogadores de futebol com um perfil denominado ‘queimador de gorduras’ e que utilizam durante a maior parte do esforço esse combustível como principal substrato energético, reservando mais os carboidratos para momentos de maior exigência física”, aponta Lizarraga.

Outro aspecto interessante é que, ao repetir o teste pré-temporada após pré-temporada, o perfil individual de cada jogador não muda: o que é metabolizador de gordura continua sendo no ano seguinte. Claro que ele pode otimizar seu consumo de gorduras, mas sempre será queimador. E o mesmo acontece com o metabolizador de carboidratos e com o denominado “queimador intermediário”: queimador tanto de gorduras quanto de hidratos.

Personalizar a nutrição

A compreensão desse metabolismo pode ajudar a personalizar as diferentes estratégias de nutrição. Como explica o Doutor Yanguas, “se, por exemplo, um jogador utiliza os carboidratos como principal substrato durante a maior parte do esforço, ele necessitará de bebidas esportivas que hidratem e forneçam os carboidratos que costuma utilizar com eficácia. Ao contrário, um jogador que queima mais gordura não as necessitará tanto e requererá bebidas com concentrações de hidratos de carbono mais baixas”.

Para Asker Jeukendrup, antigo diretor global sênior do Gatorade Sports Science Institute, é fundamental realizar “mais estudos desse tipo para compreender melhor por que há diferenças tão grandes entre os indivíduos e se essa diversidade significa que o assessoramento nutricional também deveria ser diferente”.

Por esse motivo, a pesquisa também está sendo realizada no clube com jogadores de basquete, futebol de salão, no Barça B e no time feminino de futebol. Os resultados serão publicados em breve.

Link do artigo original (em inglês)

A equipe Barça Innovation Hub